O Governo precisava do apoio de 434 deputados, correspondentes a dois terços do total dos membros da Câmara dos Comuns, mas só conseguiu 298 votos a favor.

O partido Trabalhista, Liberais Democratas e o Partido Nacionalista Escocês (SNP), os partidos de oposição com maior expressão, abstiveram-se, enquanto que 56 deputados votaram contra.

Esta iniciativa surgiu no âmbito da aprovação na Câmara dos Comuns de um projeto de lei que deu a um grupo de deputados conservadores aliados à oposição o controlo para introduzir legislação. Esta impõe um novo adiamento do ‘Brexit’ que impeça uma saída sem acordo em 31 de outubro e exige que Johnson peça uma nova extensão da data de saída até 31 de janeiro de 2020  ou garanta um acordo até dia 19 de outubro.

Como resultado, escreve a BBC, Boris Johnson considerou que essa medida atuaria como uma força de bloqueio às negociações e que a única forma de desbloquear esta situação seria com eleições antecipadas.

Contudo, Jeremy Corbyn, líder dos Trabalhistas, considerou esta opção uma manobra "dissimulada" para forçar uma saída sem acordo, avançando que o seu partido apenas iria a eleições depois do projeto de lei de novo adiamento ser aprovado. À posição de Corbyn juntaram-se o SNP e os Democratas Liberais.

Boris Johnson reagiu a esta posição depois da votação, lembrando que 48 horas antes, o líder dos Trabalhistas tinha pedido para se "parar o golpe" e deixar que as pessoas votassem, e que agora estava a dizer "parem as eleições e impeçam as pessoas de votar".

"Eu penso que este é o primeiro líder da oposição na história democrática do nosso país a recusar o convite para uma eleição. Apenas posso especular quais as suas razões para esta hesitação. A conclusão óbvia é que ele tem medo de não ganhar", concluiu o primeiro-ministro.

Os britânicos decidiram sair da UE com 52% dos votos no referendo realizado em 2016. Inicialmente previsto para ser concluído em março passado, o Brexit foi por duas vezes adiado devido à rejeição do Parlamento britânico ao Acordo de Saída negociado pela então primeira-ministra, Theresa May, que se demitiu a 24 de maio.

Boris Johnson foi o seu sucessor, chegando ao poder a 24 de julho, com a garantia de que ia tirar o país da UE em 31 de outubro - com ou sem acordo.