A diretora de comunicações e um dos membros fundadores, Maike Bohn, lembrou que os cidadãos europeus já foram vítimas de erros, incluindo de cartas a comunicar que estavam em situação ilegal e que tinham de sair do país.
"Não é de admirar que exista pouca confiança", afirmou a alemã, num encontro hoje com jornalistas estrangeiros, durante o qual foi referido o risco de os europeus se tornarem um caso semelhante aos cidadãos caribenhos da chamada "geração Windrush", que chegaram ao Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial.
Recentemente, o governo britânico foi forçado a pedir desculpa a muitos destes imigrantes, a quem foi retirado o apoio social, direito ao serviço de saúde e dada ordem de deportação devido à dificuldade em mostrarem documentos de prova do direito de residência.
Durante a apresentação do novo sistema eletrónico de registo dos europeus, que só entrará em funcionamento em pleno em 2019, a secretária de Estado da Imigração, Caroline Nokes, prometeu que a atitude por defeito será de aprovar a candidatura após confirmados os dados de identificação e feita uma verificação do cadastro criminal.
"Durante o processo, vamos procurar conceder [a autorização de residência], não [procurar] razões para recusar, e os funcionários vão poder ter flexibilidade para decidir a favor do candidato quando for possível e visar reduzir os encargos administrativos", garantiu na semana passada.
Porém, Maike Bohn lembra que "o sistema é novo, vão existir engarrafamentos e erros" devido ao volume de candidaturas esperado, cerca de 3,5 milhões em pouco mais de dois anos, já que este período de registo encerra no dia 30 de junho de 2021.
A principal preocupação, salientou, é fazer chegar a informação a comunidades fora das cidades e junto de pessoas mais vulneráveis, sem grande conhecimento de inglês ou de uso de equipamentos eletrónicos.
"Vão existir de centenas de milhares de pessoas que não vão ter conhecimento deste sistema, porque pensam que vão ser contactados ou porque pensam que é voluntário, ou porque julgam que estão isentos porque têm um documento de antes da entrada na UE", enumerou.
O fracasso em provar o direito à residência, adiantou, pode resultar em contas bancárias congeladas, despejos das casas pelos senhorios e perda de direitos como o acesso gratuito ao serviço nacional de saúde.
O italiano Dimitri Scarlato, outro ativista do grupo 3 Million, disse que "não é possível confiar neste governo" devido ao que aconteceu com o caso "Windrush" e também com a política de "ambiente hostil" na regularização de imigrantes, reivindicando a necessidade de as promessas serem legisladas.
Lembrando que o Ministério do Interior tem uma taxa de erro de 10%, o compositor referiu que a melhor forma de os cidadãos europeus se prepararem é reunirem a informação que prove o direito à residência, como boletins de salários ou declarações de impostos, extratos bancários e faturas de serviços como eletricidade ou água.
Estima-se que vivam no Reino Unido cerca de 400 mil portugueses, os quais também terão de se registar, tendo o consulado de Londres iniciado uma série de sessões de esclarecimento junto de comunidades como Bridgwater e Thetford.
A próxima sessão de esclarecimento está marcada para 08 de julho, durante o Festival Português em Peterborough.
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