“Sabemos o que o parlamento britânico não quer, mas ainda não o ouvimos dizer o que quer. Uma esfinge é um livro aberto em comparação com o parlamento britânico”, ironizou Jean-Claude Juncker, num discurso em Sarbruque, na Alemanha.
O presidente do executivo comunitário, que já na noite de domingo, numa entrevista no canal público italiano Rai 1, tinha dado conta da sua falta de paciência para as indecisões da Câmara dos Comuns, vincou que a UE tem de “fazer a esfinge falar”.
“Basta deste longo silêncio”, defendeu na sua intervenção, na qual também voltou a reiterar que se o Reino Unido não sair do bloco comunitário em 12 de abril terá de participar nas eleições europeias, de 23 a 26 de maio.
Os deputados britânicos voltam hoje a debater a saída do Reino Unido da União Europeia e a votar opções para tentar solucionar o impasse do ‘Brexit’.
Nenhuma das opções de saída propostas a votação no Parlamento britânico na passada quarta-feira obteve maioria.
O líder da Câmara dos Comuns, John Bercow, recordou, após o anúncio dos resultados das “votações indicativas” das oito propostas, que os deputados concordaram com “um processo em duas fases”, com tempo adicional para debater e votar de novo as opções apresentadas para tentar alcançar um consenso sobre uma alternativa ao Acordo de Saída do Governo da primeira-ministra conservadora, Theresa May, que já chumbaram três vezes (uma em janeiro e duas em março).
Das oito propostas submetidas a votação na quarta-feira, aquela que obteve maior apoio foi a quarta, que previa a permanência do Reino Unido numa união aduaneira com UE após o ‘Brexit’, rejeitada por apenas oito votos (264-272).
Antes das “votações indicativas” de quarta-feira passada, o Governo tinha prometido considerar o resultado, embora não-vinculativo, mas não se comprometeu a aplicá-lo, por entender que terá de ser analisada a concordância com as promessas do Governo e a possibilidade de negociação com a UE.
O Reino Unido tem até 12 de abril para encontrar um novo plano ou abandonar a UE sem acordo.
A votação de hoje coincide com o debate de uma petição ‘online’, lançada por Margaret Anne Georgiadou, que pede ao Governo britânico que renuncie à saída UE, que ultrapassou largamente, com seis milhões de assinaturas, o limite mínimo de 100 mil para levar uma petição ao parlamento.
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