“Não desejamos a repetição do ‘Brexit’ ou da alegria de alguns países com o ‘Brexit’ para com esta situação que enfraquece a Europa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na capital grega, Atenas.

Intervindo numa sessão de trabalho sobre desafios modernos na UE, no âmbito do 15.º encontro informal dos Presidentes da República sem poderes executivos da UE (o chamado Grupo de Arraiolos), o chefe de Estado português aludiu à “fé europeia” para destacar a importância do projeto comunitário.

“Se quisermos lutar pela Europa, temos de acreditar na Europa e temos de mostrar na Europa e em todo o mundo que a Europa é um ‘player’ importante”, vincou.

Inicialmente previsto para 29 de março de 2019, o ‘Brexit’ está agora estipulado para 31 de outubro, mas os lados europeu e britânico ainda não chegaram a acordo quanto à saída, num tema que estará em foco na cimeira de líderes da UE que decorre na próxima semana, em Bruxelas.

Fazendo um retrato da situação geopolítica a nível mundial, Marcelo Rebelo de Sousa observou que, hoje em dia, “não existe um mundo bipolar” só dominado por potências como a China ou os Estados Unidos, mas antes um “mundo multipolar”, com várias “ameaças geográficas”.

Falando sobre a China, o Presidente da República destacou a “forte presença cibernética” chinesa noutros países, enquanto relativamente aos Estados Unidos notou que “as novas gerações de políticos norte-americanos estão a afastar-se da Europa”.

Quanto às ameaças à segurança da UE, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se preocupado com surgimento de movimentos ligados ao Estado Islâmico, nomeadamente em “regiões vizinhas da Europa”, como o Médio Oriente ou o norte de África, onde “o ‘Daesh’ não tem só uma estrutura, mas também uma espécie de presença territorial”.

O 15.º encontro dos Presidentes da República sem poderes executivos da UE decorre este ano na capital grega, após ter sido realizado, pela primeira vez, na vila alentejana de Arraiolos em 2003, por iniciativa do então Presidente Jorge Sampaio.