Ministros e secretários de Estado, incluindo os responsáveis pelas pastas das Finanças e da Saúde, Philip Hammond e Matt Hancock, irão falar com a população em escolas e centros comunitários de várias zonas do país, para tentar que os eleitores pressionem os seus deputados a votarem a favor do pacto.
O acordo, que teve o aval dos restantes 27 Estados-membros da UE no mês passado, tem sido rejeitado por partidos da oposição e por deputados de conservadores eurocéticos, pelo que é provável que Theresa May perca a votação de terça-feira na Câmara dos Comuns.
Theresa May tem defendido que o acordo alcançado com Bruxelas para regular a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e definir a futura relação bilateral “é o melhor e o único possível”, como a UE também sustenta.
May deveria discutir no domingo o acordo do 'Brexit' num debate televisivo com o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, mas tanto a BBC como a ITV cancelaram o programa.
A BBC retirou na quarta-feira a oferta de acolher o debate, depois de Corbyn ter rejeitado a proposta do canal público de alargar a discussão a outros partidos para refletir a diversidade de opiniões entre a população e os deputados.
O canal privado ITV, que inicialmente aceitara um debate a dois, acabou por se retirar na quinta-feira, sem dar explicações.
Na quinta-feira, Theresa May admitiu a possibilidade de permitir ao parlamento votar entre a extensão da transição ou a solução de salvaguarda [backstop], numa tentativa de ver o acordo de saída da União Europeia aprovado.
Em causa está a necessidade de uma solução para garantir que a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda se mantenha uma zona livre de controlos alfandegários ou outras barreiras ao movimento de pessoas, bens ou serviços, como ficou estabelecido nos acordos de paz de 1998 para o conflito naquela região britânica.
O acordo negociado pelo Governo britânico para a saída da UE compromete as duas partes a uma solução de salvaguarda, conhecida por ‘backstop', que mantém o Reino Unido num sistema aduaneiro com a UE que só será revogado se for substituído por uma outra solução, a qual as duas partes esperam estar pronta no final do período de transição, em dezembro de 2020.
Porém, a decisão de substituir este expediente terá de ser tomada em conjunto e não unilateralmente pelo governo britânico, o que inquieta muitos deputados preocupados com a possibilidade de o Reino Unido ser forçado a ficar nesta situação indefinidamente.
Um parecer jurídico publicado na quarta-feira referiu que o texto "não providencia um mecanismo que permita ao Reino Unido sair legalmente da união aduaneira sem um acordo subsequente" e conclui que existe um risco de o Reino Unido ficar preso em "rondas de negociações longas e consecutivas".
A outra opção existente no acordo é a extensão do período de transição por mais um ou dois anos, pelo que os deputados poderão determinar, eventualmente através de um voto, qual dos dois modelos a aplicar.
Esta ideia, que May disse estar a discutir, é vista como uma forma de tentar convencer alguns deputados a aprovarem o acordo na terça-feira, num voto que o governo arrisca perder devido à contestação tanto dos partidos da oposição como de membros do próprio partido Conservador.
A primeira-ministra afastou ainda a hipótese de o voto ser adiado, como terão defendido membros do Governo que temem uma derrota tão grave que poderia fazer cair o executivo, segundo noticia hoje o jornal ‘The Times’.
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