Hoje era a data inicialmente prevista para a saída do Reino Unido da União Europeia. No entanto, o Governo britânico conseguiu que Bruxelas concordasse com um adiamento até dia 12 de abril, pelo menos.
Para que a União Europeia concedesse uma prorrogação mais longa, até 22 de maio, o parlamento britânico precisava de aprovar o documento do acordo até às 23:00 horas de hoje.
Os deputados foram, desta vez, chamados a debater e votar apenas o acordo, deixando de fora, por agora, a declaração política para o futuro das relações entre o Reino Unido e a União Europeia.
Até agora, os dois documentos foram considerados um pacote, mas nas conclusões de uma reunião a 21 de março, o Conselho Europeu refere apenas o Acordo de Saída.
O Acordo de Saída, de 585 páginas, estabelece os termos da saída do Reino Unido da UE para que se faça de forma ordenada e estabelece um quadro jurídico quando os Tratados e a legislação da UE deixarem de se aplicar ao Reino Unido.
Inclui um protocolo para a Irlanda do Norte, um capítulo sobre os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e britânicos residentes na UE, um período de transição até ao final de dezembro de 2020 e o pagamento de uma compensação financeira pelo Reino Unido pelas obrigações assumidas enquanto membro da União Europeia, cujo valor o governo britânico estima ser entre 35 e 39 mil milhões de libras (40 a 45 mil milhões de euros).
A Declaração política para o futuro das relações entre o Reino Unido e a União Europeia contém orientações para a negociação de um futuro acordo comercial e a cooperação em vários setores, mas não é vinculativa.
Propõe uma parceria económica "ambiciosa, vasta e equilibrada", que compreende uma área de comércio livre com a UE, sem tarifas, impostos, encargos ou restrições significativas, mas, ao contrário de uma união aduaneira, não impede o Reino Unido de desenvolver uma política comercial independente à margem desta relação.
O Acordo, juntamente com a Declaração, já tinham sido chumbados duas vezes. A 12 de março por 391 votos contra e 242 votos a favor, uma diferença de 149 votos, repetindo o chumbo de janeiro por 432 votos contra e 202 contra, uma margem de 230 votos. A diferença de votos hoje foi a mais curta: 58.
E agora: o que se segue?
O que se segue é uma série de pontos de interrogação. Como a BBC recordou hoje na sua emissão televisiva: haverá novo adiamento? Será feito um segundo referendo? Cairá Theresa May? Irá o Reino Unido para eleições gerais?
O que se sabe é que o parlamento vai agora votar uma série de alternativas ao plano de saída negociado por Theresa May com Bruxelas. A votação deverá acontecer na próxima segunda-feira.
Para que alguma das opções seja aprovada, é necessário que a maioria dos deputados vote a favor.
Ainda esta quarta-feira, o parlamento britânico chumbou todas as oito alternativas que foram a votos.
Os debates e as votações destes caminhos alternativos ao acordo de saída negociado por Theresa May surgem depois de a Câmara dos Comuns (câmara baixa) ter aprovado, na segunda-feira (dia 25 de março) à noite, uma emenda parlamentar que atribuiu ao parlamento o poder de conduzir e marcar a agenda do processo do Brexit, substituindo-se ao Governo.
Também esta quarta-feira, a primeira-ministra britânica anunciou que pretendia sair de funções se o Acordo de Saída para o Brexit fosse aprovado.
A data de saída de funções, a que se seguiria uma eleição para a liderança daquela formação política, não foi especificada.
Theresa May anunciou que não continuaria "no cargo para a próxima fase de negociações".
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