"Eu acho que o momento em que fizeram o primeiro referendo foi muito inoportuno e agora é uma altura em que as pessoas estão mais informadas. Acho que é a altura para nós, que não tomámos uma posição anteriormente, tomarmos uma posição agora", afirmou o luso-angolano Lando Armada à agência Lusa.
Ao levar uma bandeira portuguesa, o grupo quis sinalizar a presença e a solidariedade dos portugueses com os restantes manifestantes, que, segundo os organizadores, rondou um milhão de pessoas.
"Temos alguma preocupação porque poderá afetar-nos diretamente e devemos como companheiros de país e de cidade estar do lado deles e preocuparmo-nos e apoiarmos e participar", justificou António Borges, natural de Lisboa e no Reino Unido há quatro anos.
Este profissional da hotelaria concorda que as pessoas estão mais informadas e que na altura do primeiro referendo, em 2016, existia muita imigração que influenciou grande parte dos 17,4 milhões de britânicos que votaram pela saída do Reino Unido da União Europeia.
"Neste momento o povo está mais informado e deviam dar uma nova oportunidade ao povo de decidir novamente sobre o 'Brexit'. Eu acho que neste momento o povo terá uma outra opinião", acredita.
Miguel Alves lembra que a própria primeira-ministra, atualmente empenhada em cumprir a "instrução" dada pelos eleitores em 2016, fez inicialmente campanha pela permanência na UE.
"É importante mostrar à Theresa May que o que ela está a fazer é um disparate de todo o tamanho e que deve dar a oportunidade aos eleitores para, se tiverem de mudar o sentido de voto, para poderem mudar porque, no caso dela, ela mudou também o sentido de voto. Se ela pode mudar de campo, nós também podemos, e os eleitores britânicos também podem", disse à Lusa este motorista, natural de Viseu.
Já Guilherme Rosa, antigo autarca em Londres, não acredita que a manifestação de hoje consiga convencer o governo a promover um novo referendo que reverta o resultado anterior, mas espera que seja importante para pressionar a favor de um 'Brexit' mais suave.
"É de facto uma forma de pressionar e de os decisores políticos verem que cada vez mais pessoas estão alerta. Esta maioria silenciosa de pessoas que são contra um 'Brexit' tresloucado e altamente prejudicial é mais uma ajuda, mas de facto não será capital", admitiu.
Juntamente com a petição a favor da revogação do artigo 50.º, que hoje já soma 4,5 milhões de assinaturas, vincou, serve para "um chamar de atenção muito grande para a Theresa May e para o governo que as pessoas estão cada vez a insurgir-se mais contra isto".
Sob o lema "Pergunta ao Povo", a manifestação foi organizada pela campanha 'People's Vote', que deseja que um acordo para o 'Brexit' aprovado pelo parlamento seja de novo submetido a referendo, com a opção de permanecer na UE.
O processo de saída do Reino Unido da UE está atualmente num impasse devido à falta de uma maioria de deputados que aprove o acordo negociado pelo governo com Bruxelas, tendo a UE aceitado adiar a data de saída prevista para 29 de março por duas semanas, até 12 de abril.
Este prazo poderá estender-se até 22 de maio se o parlamento britânico entretanto aprovar um acordo.
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