“O que aconteceu foi uma tromba de água. Choveram 150 milímetros [ou 150 litros por metro quadrado] durante cerca de meia hora e, na zona mais baixa de Brinches, houve inundações”, explicou à agência Lusa o presidente do Município de Serpa, João Efigénio Palma.
Segundo o autarca, “ninguém estava à espera” deste “fenómeno meteorológico localizado em Brinches”, porque o previsto “era trovoada e chuva, mas nada com este volume”.
“Caiu uma quantidade de água muito elevada. Só como comparação, quando anda nos 20 ou 30 milímetros de chuva já achamos muito”, afiançou.
Contactado hoje pela Lusa, o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Baixo Alentejo indicou que, “a partir das 18h00” de sexta-feira, recebeu os primeiros alertas de inundações em Brinches, em casas e vias públicas.
“Temos registo de 10 inundações e uma queda de estrutura no concelho de Serpa”, precisou.
O autarca de Serpa referiu que as inundações deram-se “numa rua mais baixa”, com a água a entrar pelos quintais “em cerca de 20 habitações”.
“Há casas que têm o mobiliário e eletrodomésticos destruídos, porque a água chegou muito alto. Em algumas chegou talvez a um metro de altura”, especificou.
As habitações não apresentam problemas em termos estruturais, mas “há muros derrubados nos quintais”, acrescentou João Efigénio Palma.
Os bombeiros e os serviços da câmara procedem hoje a trabalhos de limpeza nas ruas e casas afetadas e está em curso um levantamento dos danos e das necessidades da população.
“Os serviços sociais estão a preparar roupa, porque, como algumas pessoas ficaram com a mobília e roupas molhadas e estragadas, vão precisar desse apoio. Mas não há propriamente desalojados, as casas estão a ser limpas e ficam com condições de habitabilidade”, frisou.
Fonte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em declarações à Lusa, especificou que este organismo não possui qualquer estação oficial naquela zona do Alentejo, para medir a quantidade de chuva que caiu.
Mas, de acordo com os dados indicados no radar, o valor estimado de chuva na zona “foi de 80 milímetros em três horas, entre as 17:30 e as 20:30”, afirmou a fonte.
“É uma estimativa, não quer dizer que não possa ter chovido mais. Mas até este valor já é bastante elevado, porque, só como termo de comparação, um aviso vermelho é emitido a partir de 60 milímetros em seis horas”, afiançou.
Já comandante sub-regional de Emergência e proteção Civil do Baixo Alentejo, Carlos Pica, também disse à Lusa que Brinches foi “o epicentro de um fenómeno meteorológico extremo localizado”.
“No espaço de meia hora, caíram 140 a 150 milímetros de chuva, um quantidade de pluviosidade que causou inundações e fez com que a localidade fosse afetada pelo escoamento da água”, disse.
Além das inundações, a Proteção Civil tem conhecimento oficial “da queda de um muro que afetou dois automóveis e de um veículo sem ocupantes arrastado pela enxurrada”.
Esta “espécie de tromba de água” fez ainda com que “várias estradas, nacionais e municipais, que ligam a Brinches, tivessem de ser temporariamente cortadas”, para segurança dos condutores, durante a chuvada, e porque “houve arrastamento de inertes, como terra e pedras, para as vias”, que foram depois limpas e reabertas.
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