De acordo com o Jornal de Notícias, o homem de 80 anos que assassinou o ator Bruno Candé já lhe teria, noutras ocasiões, dirigido insultos racistas e ameaças de morte. Contudo, interrogado pela Polícia Judiciária, o arguido rejeitou que os disparos tenham tido motivação racista e referiu a ocorrência de um incidente com a cadela da vítima.

Ao Expresso, fonte policial explicou que a discussão entre Bruno Candé e o alegado homicida "tinha começado na última quarta-feira por causa da cadela [a quem terá batido] e reacendeu-se no sábado pelos mesmos motivos quando os dois homens se voltaram a encontrar na rua". O caso está a ser investigado pela brigada de homicídios da Polícia Judiciária.

A mesma fonte referiu que "tudo aponta para uma desavença por motivos fúteis em que a parte mais fraca entendeu que só podia equilibrar as coisas com uma arma". Contudo, "a investigação vai prosseguir e podem surgir elementos novos que confirmem ou não os indícios inicialmente recolhidos".

Segundo o JN, o idoso terá dito à Polícia Judiciária que era insultado e enxovalhado por Bruno Candé sempre que por ali passava. Todavia, dezenas de pessoas que se concentraram no local do crime desmentem esta versão, alegando que o homem de 80 anos dizia com frequência ao ator que este devia "voltar para a sua terra" e que um dia o iria matar.

As autoridades confirmaram já que o suspeito do homicídio estava na posse de uma arma ilegal. A PSP encontrou em sua casa diversas munições.

A reação da família de Bruno Candé

Em comunicado, a família do ator, de 39 anos, refere que Bruno Candé Marques "foi alvejado à queima-roupa, com quatro tiros, na rua principal de Moscavide" e que "o seu assassino já o havia ameaçado de morte três dias antes, proferindo vários insultos racistas".

"Face a esta circunstância", a família considera que "fica evidente o caráter premeditado e racista deste crime" e exige que "a justiça seja feita de forma célere e rigorosa".

O comunicado realça que Bruno Candé Marques era ator da companhia de teatro Casa Conveniente desde 2010, tendo participando em telenovelas.

Ao Expresso, Andreia Araújo, sobrinha do ator, refere que querem "que seja feita justiça e que estes ataques racistas parem. Já aconteceu antes e voltou a acontecer".

Em comunicado, a associação SOS Racismo reclamou também que a "justiça seja feita" contra um "crime com motivações de ódio racial".

No comunicado é ainda pedido que o "assassinato do Bruno Candé Marques não seja mais um sem consequências", exigindo que "justiça seja feita".