“A Comissão Europeia definiu hoje a sua estratégia comercial para os próximos anos. Refletindo o conceito de autonomia estratégica aberta, baseia-se na abertura da UE para contribuir para a recuperação da economia através do apoio às transformações verdes e digitais, bem como um enfoque renovado em reforçar o multilateralismo e reformar as regras do comércio global”, vinca a instituição numa informação hoje divulgada.
E garante: “Sempre que necessário, a UE tomará uma posição mais assertiva na defesa dos seus interesses e valores, inclusive através de novas ferramentas”.
Falando na apresentação da estratégia, em conferência de imprensa em Bruxelas, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio, Valdis Dombrovskis, defendeu ser necessário “reforçar o enfoque da Europa no multilateralismo”.
“Queremos um conjunto de regras global que seja atualizado, justo e sustentável”, bem como reforçar as “nossas defesas contra práticas comerciais desleais”, acrescentou.
Esta renovada política comercial visa, assim, cumprir os objetivos verdes e digitais, moldar as regras globais para uma globalização mais sustentável e mais justa e aumentar a capacidade da UE para prosseguir os seus interesses e fazer valer os seus direitos.
Para tal, uma das medidas a implementar é a do “aprofundamento das parcerias da UE”, nomeadamente com China e Estados Unidos.
No que toca a Pequim, a comunicação hoje divulgada aponta que “a relação comercial e de investimento da UE com a China é importante e desafiadora”.
“A construção de uma relação económica mais justa e baseada em regras com a China é uma prioridade. Assegurar que a China assuma maiores obrigações no comércio internacional e que lida em paralelo com as repercussões negativas causadas pelo seu sistema económico estatal será fundamental para os esforços da UE no sentido de reequilibrar a relação comercial bilateral”, sustenta o executivo comunitário na comunicação.
Em causa está o Acordo Global sobre o Investimento UE-China, com o qual Bruxelas espera “um compromisso claro […] sobre o acesso ao mercado, compromissos de igualdade de condições de concorrência e sobre o desenvolvimento sustentável”.
Este acordo, que ainda tem de ser ratificado, visa proteger mutuamente os investimentos europeus na China e os investimentos chineses na UE e tornar mais fácil que investidores da Europa comprem participações em empresas chinesas, para esta passar a ser uma relação recíproca.
Relativamente a Washington, é assegurado na comunicação que “a UE dará portanto prioridade ao reforço da sua parceria com os Estados Unidos”.
Para Bruxelas, a nova administração norte-americana, liderada por Joe Biden, oferece uma oportunidade de trabalhar em conjunto para reformar a Organização Mundial de Comércio, inclusive reforçando a sua capacidade de enfrentar distorções concorrenciais”.
“Oferece também novas perspetivas de cooperar estreitamente na transformação verde e digital das nossas economias”, adianta a instituição no documento.
A relação com Londres (antigo Estado-membro da UE) também é mencionada, defendendo a Comissão Europeia a criação de um “ato legislativo específico necessário para a aplicação das disposições relacionadas com o comércio do Acordo de Comércio e Cooperação UE-Reino Unido”.
A UE tem uma forte rede de acordos comerciais, num total de 46 protocolos com 78 parceiros.
No espaço comunitário, perto de 35 milhões de empregos dependem do comércio.
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