“Devo fazer primeiro o balanço, para entregar a comunicação à diocese e só depois pronunciar-me”, afirmou à Lusa o diácono José Manuel Vaz, assistente para a juventude das dioceses de Cabo Verde.

Quase mil cabo-verdianos viajaram em julho para a JMJ, sendo que as estruturas religiosas em Cabo Verde disseram ter feito uma triagem para detetar indícios de que o objetivo da viagem não passasse pela jornada, mas sim emigrar para a Europa.

A organização disse ter falado “claramente” com os peregrinos, sublinhando que aqueles que não voltassem a Cabo Verde teriam de “assumir as suas consequências”, porque seriam “repatriados de qualquer forma”.

No total, foram 913 cabo-verdianos, incluindo religiosos, que partiram entre 25 e 28 de julho.

Depois de chegarem a Lisboa, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou que quase 200 peregrinos cabo-verdianos e angolanos não compareceram num dos momentos da agenda, na diocese de Leiria-Fátima.

Em conferência de imprensa, a inspetora coordenadora superior do SEF, Cláudia Rocha, disse que se tratava de 195 jovens, dos quais 168 cabo-verdianos e 27 angolanos.

No entanto, ficou por confirmar quantos tinham faltado apenas àquele momento, permanecendo em Lisboa e voltando a Cabo Verde no final da JMJ.

O cardeal cabo-verdiano, Arlindo Furtado, disse, a 08 de agosto – em declarações à Rádio Nova de Maria de Cabo Verde -, que não ficará escandalizado se algum conterrâneo ficar em Lisboa após a Jornada Mundial da Juventude e pediu equidade e reciprocidade na isenção de vistos com Portugal.

“Não fico escandalizado se porventura acontecer um ou outro caso. Mas, à partida, eu confio na palavra dos jovens que se comprometeram a ir e a regressar, porque a jornada nunca foi tida, nunca foi apresentada, nunca foi promovida como forma de migração clandestina”, referiu.

“Para alguns, porventura, terá sido a única oportunidade de encontrar visto para tratar de saúde, para visitar o filho que está lá, para visitar o tio que está doente ou para conhecer o mundo”, acrescentou.

Antes da partida para Portugal, o Presidente cabo-verdiano pediu aos participantes na JMJ para representarem o país com “muita dignidade e alegria” e para voltarem inspirados a ajudar a sociedade a ser “muito mais fraterna”.

“A jornada não é só ir conhecer Portugal, viajar, fazer fotos no avião e ‘postar’ no Facebook. Para a jornada devem pensar em qual o sentido que vão dar às vossas vidas”, realçou.

As principais cerimónias da jornada decorreram, na primeira semana de agosto, no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.