O Grupo Operacional Cinotécnico da Unidade Especial de Polícia (UEP) está a realizar em conjunto com a polícia dos Países Baixos um exercício, entre 04 e 22 de novembro, que consiste em preparar e treinar os cães para a deteção de engenhos explosivos que normalmente são usados em atentados terroristas.

Cerca de 20 polícias dos Países Baixos participaram neste treino conjunto em que esperam aprender e preparar melhor os seus cães juntamente com os ‘binómios cinotécnicos’ (um polícia e um cão) portugueses.

“A polícia portuguesa usa uma maior variedade de odores que a polícia neerlandesa não tem”, disse à Lusa Marcel Timmerman, instrutor na área de deteção de explosivos da polícia dos Polícias Baixos.

Marcel Timmerman está em Portugal pela segunda vez para treinar em conjunto com a PSP e destacou este tipo de exercícios com outras polícias para uma melhor preparação.

“Escolhemos não só os portugueses, mas também outros países para treinarmos juntos e melhorar. Mas, neste caso, a polícia neerlandesa escolheu a portuguesa pela maior quantidade de odores e preparação”, sustentou.

O polícia neerlandês afirmou ainda que, durante estas semanas a treinar juntamente com os polícias do Grupo Operacional Cinotécnico, as equipas neerlandeses aprenderam muito, frisando que é nestas ações que falam “sobre o treino dos cães, a forma como treinam e como os polícias treinam”.

“Este tipo de formação é muito importante porque a segurança é uma coisa muito importante nos Países Baixos, mas também em Portugal e em toda a Europa. Por isso, treinamos juntos para melhorar e para lutar contra o crime”, precisou.

Por sua vez, o comandante do Grupo Operacional Cinotécnico (GOC), Ângelo Araújo, explicou à Lusa que este tipo de treinos consiste em preparar os cães das polícias portuguesas e neerlandesas, como também de outros países que já realizaram exercício em conjunto com a PSP, para estarem “melhor preparados para as ameaças terroristas que tem acontecido nos últimos anos”.

Destacando que as forças de segurança estão “cada vez mais preparadas”, o oficial da PSP destacou o facto de a polícia portuguesa ser procurada por outros países para treinar os seus cães e desta preparação ser reconhecida internacionalmente: “Temos a sorte e o profissionalismo dos nossos colegas do Centro de Inativação de Explosivos e Segurança em Subsolo que, por força do conhecimento e do ‘know how’, têm conseguido reproduzir algumas destas ameaças. Temos a sorte de eles estarem connosco diariamente e prepararem-nos para ficarmos mais aptos à nossa missão”.

Segundo Ângelo Araújo, desde os ataques de Bruxelas, em 2016, que vários países tiveram conhecimento do trabalho que a PSP desenvolvia, tendo desde aí feito parcerias com inúmeros países, desde os Países Baixos, Bélgica, Irlanda, França para treinos em conjunto com os agentes portugueses.

“Tivemos a sorte de ter alguns polícias com algumas capacitações também fora do comum, fora do âmbito apenas policial. Estamos a falar de explosivos caseiros, explosivos improvisados. Juntou-se aqui o útil ao agradável. Juntar a parte cinotécnica com a parte de inativação de explosivos e, portanto, fizemos esse casamento feliz no caso português e que tem sido reconhecido por outros países”, sustentou.

Sobre o exercício conjunto com a polícia dos Países do Baixos, o oficial da PSP disse: “Estas três semanas são dedicadas a esta especialidade concreta, que é a deteção de engenhos explosivos sobretudo os explosivos improvisados”.

O comandante do GOC avançou que estes explosivos improvisados são substâncias muitas vezes utilizadas em atentados terroristas e “é nessas que Portugal tenta estar preparados e se possível ainda mais à frente”.

A Lusa assistiu a um treino, na estação de comboio de Campolide, em Lisboa, em que as polícias dos dois países tentaram “reproduzir um cenário real” que passou por “rastrear” um comboio onde estão ocultados algumas dessas substâncias explosivas. O objetivo é os ‘binómios cinotécnicos’ de Portugal e Países Baixos localizarem os explosivos.

Ângelo Araújo frisou que “é um trabalho que só se aprende no terreno”.

“Não basta ler um livro, não basta falarmos. É preciso estarmos no terreno para recolhermos informação e, portanto, nós tentamos colocar cenários em teste aos nossos binómios cinotécnicos para que, dentro do conhecimento que têm, dentro do intercâmbio com os colegas neerlandeses, nós possamos desenvolver as nossas competências técnicas, não só do ponto de vista do cão, mas também do tratador”, disse ainda.

*Por Célia Paulo (texto), Rui Pereira (vídeo) e António Cotrim (Foto)