Foi o caso da jovem Patrícia que, conforme disse à agência Lusa, foi para a praia para se refrescar, apesar de chegar precisamente no pico do calor.

“Só vim ontem [quinta-feira] e hoje não se pode estar em casa assim”, disse à Lusa a jovem, confessando que uma das medidas que faz para se proteger é colocar protetor solar quando chega à praia.

José Figueiredo, um dos nadadores salvadores da praia de Santo Amaro admitiu que o areal “está mais cheio nos últimos dois dias”, acreditando que possa ser consequência do calor extremo que se faz sentir.

“Não temos, até agora, nenhum caso de insolação. Vamos dizendo às pessoas para se meterem debaixo do chapéu de sol nas horas de maior calor, que é agora [12:30], e para se irem hidratando”, explicou, reconhecendo que as pessoas passam mais tempo dentro de água nesta altura.

Os gelados têm também mais saída nos últimos dois dias, conforme explicou Francisco, que no bar da praia vende gelados, cervejas e águas: “a partir do meio dia fica muito intensa a venda e só termina lá para as oito da noite”.

“Está bastante diferente do normal. Num dia de semana vendemos em média 500 gelados, ontem [quinta-feira] chegámos aos 800”, explicou, acrescentando que as águas também sofreram um aumento nas vendas sem que conseguisse explicar a quantidade, além das “imperiais frescas à pressão” que também se venderam muito mais.

O bar onde Francisco vende gelados fica localizado à ‘entrada’ da praia, o que lhe dá uma noção das horas a que as pessoas vão chegando. E é com alguma surpresa que constata que, apesar de algumas tentarem evitar as horas de mais calor, quando olha para os lados vê “chapéus de praia e mais nada”.

O vendedor de gelados, Francisco, queixa-se que não tem mãos a medir na praia de Santo Amaro de Oeiras com uma grande afluência às 12.00 horas, apesar dos apelos da Proteção Civil à população, em Oeiras a 03 de agosto de 2018. créditos: TIAGO PETINGA/LUSA

Consciente dos malefícios do sol, Vanessa explicou à Lusa, que a encontrou a sair da praia, estar na hora de deixar o areal, onde chegou às 9:30: “já um pouco tarde”, confessou, com o filho bebé.

“Já está a ficar mais quente o sol, vamos embora agora. Tenho essa preocupação, a partir do meio dia o sol começa a ficar muito forte para eles”, disse.

Vanessa (E) acompanhada por uma amiga e crianças de quem cuida, sai da praia de Santo Amaro de Oeiras com uma grande afluência às 12.00 horas, respeitando os apelos da Proteção Civil à população, em Oeiras a 03 de agosto de 2018. créditos: TIAGO PETINGA/LUSA

O negócio das bolas de Berlim também começou a correr melhor para Sérgio Pereira, que reconhece que com o calor as vendas não se comparam com aquilo que se fazia há uma semana: “está a vender-se muito mais, está mais mexido".

"Ontem venderam-se entre 70 a 90 bolas”, afirmou.

Um vendedor de bolas de Berlim, Sergio Pereira, faz a sua ronda pela praia de Santo Amaro de Oeiras, com uma grande afluência às 12.00 horas, apesar dos apelos da Proteção Civil à população, em Oeiras a 03 de agosto de 2018. créditos: TIAGO PETINGA/LUSA

Habituados a fazer um percurso de 13 quilómetros até Carcavelos, os irmãos Fernando e Manuel Dias, calçados com os patins em linha, vão-se deslocando pelo paredão, arriscando algumas manobras sob o sol quente.

Hoje reconhecem que vão andar menos tempo, têm a consciência de que “por causa do calor não faz bem andar muito tempo”, apesar de “com o movimento e a deslocação de ar ficar mais fresco”.

O patinador Fernando Dias faz o seu passeio pela praia de Santo Amaro de Oeiras, com uma grande afluência às 12.00 horas, apesar dos apelos da Proteção Civil à população, em Oeiras a 03 de agosto de 2018. créditos: TIAGO PETINGA/LUSA

Antes de chegarem ao local onde deixaram o carro estacionado, vão beber água e dar um mergulho “para refrescar”.

A Lusa constatou que o areal de Santo Amaro de Oeiras estava cheio entre as 12:00 e as 13:30, precisamente na altura em que as temperaturas tendem a ser as mais elevadas. Entre os adultos, muitas crianças, sendo que a beira-mar se encontrava, igualmente, cheia daqueles que se tentavam refrescar.

O jovem Filipe contou à Lusa que só está bem dentro de água: “é assim que me refresco, com muitos mergulhos”.

Face à onda de calor que afeta o país pelo menos até domingo, com temperaturas máximas acima dos 40.º e que na quinta-feira bateram recordes históricos, a Proteção Civil estendeu o estado de alerta especial relativo aos meios de combate a incêndio aos distritos do Porto, Leiria, Aveiro, Braga, Viana do Castelo e Coimbra.

A Direção-Geral da Saúde aconselha as pessoas a permanecerem em ambientes frescos, a manterem as casas frescas e a beberem muita água, evitando a ingestão de álcool.

Por causa da persistência de valores elevados das temperaturas máximas o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) estendeu o aviso vermelho, o mais grave, a 11 distritos de Portugal continental até ao início da tarde de domingo, prevendo para hoje valores acima dos 40 em grande parte do território.

[Texto de Rosa Cotter Paiva/Lusa]