A antiga diretora regional da Cultura do Centro Celeste Amaro saiu da liderança da programação do Convento São Francisco, em Coimbra, depois de ter assumido o cargo na terça-feira, confirmou hoje a Câmara de Coimbra.

No final da reunião do executivo de hoje, o presidente da Câmara, José Manuel Silva, afirmou que ficou “evidente que não houve um entrosamento perfeito entre a equipa e a doutora Celeste Amaro”.

“Havia que tomar alguma decisão e, quando é necessário tomar decisões, o presidente da Câmara de Coimbra tem a obrigação de o fazer, no sentido de preservar o bom entendimento entre as pessoas e o bom funcionamento do Convento São Francisco”, acrescentou.

Questionado pela agência Lusa, o autarca referiu que houve “circunstâncias que afetaram o funcionamento de uma equipa”, tendo sido necessário “proceder precocemente à resolução dos problemas”.

“Não é nada contra a doutora Celeste Amaro, pelo contrário. Estou-lhe agradecido pela disponibilidade que demonstrou”, frisou José Manuel Silva.

O presidente da Câmara de Coimbra referiu que, apesar de considerar que é “uma circunstância desagradável que não haja um entendimento perfeito entre as pessoas”, isso “faz parte da natureza humana”.

“Quando não há um entendimento perfeito entre as pessoas, há que resolver as circunstâncias, sem drama nenhum, garantindo a continuidade do funcionamento do Convento São Francisco. Lamento os constrangimentos criados à doutora Celeste Amaro, que eu convidei e que agora tive que assumir uma posição distinta, mas isso faz parte do papel das obrigações do presidente da Câmara”, salientou.

Questionado sobre quando será apontado um novo nome para a assessoria artística e cultural do Convento São Francisco, José Manuel Silva esclareceu que a decisão “terá que ser tomada com alguma brevidade, mas sem stress algum”, uma vez que “a programação já está garantida até final de setembro” – foi deixada fechada pela arquiteta Isabel Worm, antecessora de Celeste Amaro no cargo.

A agência Lusa contactou Celeste Amaro, que se escusou a prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto, remetendo-se à nota que publicou na sua página pessoal da rede social Facebook.

“Fui contra o poder instalado, contra as elites instituídas e a favor da democratização da cultura e da reconciliação do Convento com a cidade, porque considero que o Convento é de e para a cidade. Tem capacidades para ser rentabilizado muito mais do que tem sido até aqui com uma programação mais transversal e eclética, capaz de chegar a todos os públicos, o que não se tem verificado atualmente”, pode ler-se nessa nota.

A escolha da antiga deputada do PSD para assumir a programação daquele espaço cultural foi criticada, aquando do seu anúncio, pelo PS, PCP e Cidadãos por Coimbra.

Depois do anúncio, a Câmara de Coimbra, liderada por José Manuel Silva, tinha afirmado que ficaria descartado, “por agora”, um novo modelo de gestão para o Convento São Francisco (uma promessa eleitoral da coligação Juntos Somos Coimbra).

No entanto, um dia depois, o município garantiu que o novo modelo de gestão para aquele espaço será apresentado ao executivo ainda durante este ano, numa resposta às críticas do movimento Cidadãos por Coimbra.