A liquidação do grupo têxtil instalado em Famalicão, que emprega cerca de 800 trabalhadores, começa a ser discutida na terça-feira, com as três primeiras assembleias de credores. A administração da Ricon anunciou, entretanto, que enviou cartas aos colaboradores dando conta da cessação dos respetivos contratos de trabalho.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, explicou que a autarquia, em colaboração com o Instituto de Emprego de Formação Profissional (IEFP), “tem já preparada uma bateria social de apoio” para os trabalhadores da Ricon que residam no concelho.
O plano prevê programas de requalificação profissional, apoios financeiros e ajuda na inserção no mercado de trabalho, através da entrada em outras empresas têxteis locais.
“O que é conhecido é o relatório do administrador da insolvência, que é uma proposta que vai ser tratada na assembleia que ocorrerá nos próximos dias em cada uma das empresas envolvidas. Os credores é que tomam decisões. É óbvio que compete ao administrador da insolvência fazer propostas e foi o que ele fez. Aponta no sentido do encerramento, da liquidação do ativo, da desvinculação imediata dos trabalhadores”, disse.
Paulo Cunha adiantou ainda que os trabalhadores “já foram formalmente contactados nesse sentido, a todos foi endereçada uma carta a comunicar a cessação do vínculo laboral”. Ressalvou, contudo, que “enquanto a assembleia de credores não o deliberar, a empresa não se extingue, não há liquidação, não há encerramento”.
Ainda assim, o autarca admitiu que “o mais provável é de facto a liquidação e encerramento” daquela empresa.
“O cenário que nos antecipamos como provável é que dentro de 24 ou 48 horas tenhamos 600 trabalhadores deste grupo em situação de desemprego, a maior parte deles do concelho de Vila Nova de Famalicão”, afirmou.
Perante aquele cenário, o autarca garantiu que “a câmara já tem respostas que estão a ser implementadas”.
“Numa primeira fase, estamos a criar uma retaguarda social com uma bateria de apoios e um número [de contacto] dedicado para que trabalhadores e seus familiares possam dirigir-se à câmara para não ser ter informações como ter apoios”, apontou.
Aquela “bateria social”, apontou, inclui “apoios financeiros”. A câmara municipal, descreveu, “tem um conjunto de poios sociais, ferramentas, desde o apoio à renda, ação social escolar, muitas outras situações que permitirá que as famílias que caiam no desemprego readquirir o nível de vida que desejamos”.
A autarquia está também a trabalhar em parceria com o IEFP “para que, ao nível do programa ‘Qualifica-te’, se possa fazer com que muitas pessoas possam, através da formação profissional, readquiram competências para se inserir noutros setores”.
Apesar do plano de apoio, Paulo Cunha admitiu que a “notícia é muito má para o concelho, péssima para os visados”.
O grupo Ricon é composto por oito empresas e detém a rede de lojas Gant em Portugal.
Em comunicado, início da tarde de hoje, o grupo Ricon explica que "dependia de forma significativa” da marca Gant e que esta “se mostrou totalmente intransigente e indisponível para negociar e/ou abordar e analisar as propostas apresentadas” com vista à viabilização do grupo.
Assim, aponta, nas assembleias de credores que se iniciam terça-feira irá ser proposto pelo administrador da insolvência o “encerramento das empresas e a consequente liquidação dos seus ativos”, que terá que ser votada pelos credores da Ricon.
Refere ainda que enviou cartas aos colaboradores a cessar os contratos de trabalho.
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