"A tutela mostrou que o hospital de Gaia não é uma segunda prioridade. Só posso deixar uma palavra de confiança ao conselho de administração, aos médicos e nunca esquecer que o hospital existirá sempre enquanto houver doentes e cidadãos para cuidar", realçou o autarca.

Eduardo Vítor Rodrigues disse partilhar da “preocupação que foi manifestada genuinamente pelos trabalhadores”, destacando porém não poder “participar” numa “dinâmica mais política”.

"O pior que podemos fazer ao hospital de Gaia é voltar a estigmatizá-lo e participar numa degradação de imagem que fez com que durante décadas este hospital fosse relegado para segundo plano até em relação a hospitais do Porto", avisou.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da câmara lembrou que teve em agosto uma reunião com o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, governante que quarta-feira, em entrevista à RTP, reconheceu que o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) tem problemas, mas garantiu a continuidade do investimento.

"O ministro, na longa referência que fez ao caso de Gaia, deixou bem claro que o compromisso que tínhamos assumido está assegurado. Há obra em curso, 80 enfermeiros e 40 operacionais a entrar no hospital", disse o autarca, acrescentando que Campos Fernandes "foi claro".

Em causa está uma unidade hospitalar da qual se demitiram, a 5 de setembro, o diretor clínico e os diretores e chefes de serviço, num total de 52 profissionais, em protesto contra as "condições indignas" em que trabalham.

Entretanto, vários partidos políticos têm vindo a manifestar preocupação e a exigir medidas ao Governo, tendo este hospital estado no centro do debate da Comissão Parlamentar de Saúde que o visitou terça-feira e reuniu outras vezes ao longo desta semana.

Questionado sobre o silêncio que até aqui a câmara adotou sobre o processo, Vítor Rodrigues defendeu que "enquanto os partidos políticos podiam fazer um aproveitamento político de tudo isto, ao município competia manter a serenidade" porque, disse, "está em causa um processo negocial que já se arrasta desde o mandato anterior e ainda do Governo anterior".

"Este processo esteve sempre assente numa parceria entre o poder central e o local, uma parceria numa primeira fase reivindicativa e numa segunda até participativa do ponto de vista financeiro. Não há muitos exemplos de municípios que tenham investido em hospitais e no caso de Gaia estamos a falar de três milhões [de euros]", apontou.

No que diz respeito a obras, estas traduzem-se numa empreitada com três fases, estando a primeira, no valor de 12,8 milhões de euros, concluída. No início deste ano teve início a segunda fase, no valor de 16 milhões de euros.

Entretanto, também foi anunciado que o CHVNG/E vai gerir o Centro de Reabilitação do Norte, situação que Eduardo Vítor Rodrigues acredita que "esteja a gerar receios a uns e incómodos a outros".

O autarca somou, no retrato feito à Lusa sobre a situação do hospital, o facto de "neste momento o país viver um período pré-eleitoral", falando em "clara disputa entre aqueles que defendem o serviço público e quem quer o serviço público nas mãos dos privados diretamente privatizando ou indiretamente concessionando".

"Acho que ontem [quarta-feira] o ministro deixou bem claro que não há nenhuma estratégia de privatização do que quer que seja e o caminho é recuperar anos de ausência e corte de investimento", concluiu.

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