Em conferência de imprensa, Carlos Moedas lembrou que Lisboa quer "mostrar a capacidade de bem-receber" durante a Jornada Mundial da Juventude e começou por agradecer a todos os que estiveram envolvidos na revisão dos custos.
Assim, "mantendo sempre a dignidade e segurança que este evento necessita e merece", a CML alterou os valores presentes no caderno de encargos.
- No Parque Tejo-Trancão, o palco, que estava a uma altura de 9 metros, passa a 4 metros. Em vez de 2 mil pessoas, vai comportar 1240. A área de implementação passa a ter 3250 metros quadrados, em vez do 5 mil anunciados. Com isto, o valor de 4,2 milhões passa para 2,9 milhões de euros — uma redução de 30%.
- Quanto à diminuição da dimensão do altar-palco do Parque Tejo, D. Américo Aguiar informou que as pessoas remanescentes ficarão no espaço em frente ao palco.
O presidente da Câmara de Lisboa assegurou ainda que foi “sem pedir qualquer indemnização” que a empresa contratada para a construção do altar-palco no Parque Tejo no âmbito da JMJ aceitou a alteração do projeto.
- De ressalvar também que o preço das fundações se mantém, já que são necessárias para a "segurança" do palco, considerando o terreno junto ao rio.
- Quanto ao Parque Eduardo VII, "no meio da cidade, uma imagem para o mundo", Carlos Moedas começou por dizer que as notícias com os valores apresentados, na ordem dos 2 milhões, "não têm fundamento", já que não havia projeto fechado. Assim, é agora referido que o palco a ser construído, "uma estrutura muito leve", que poderá ter um valor de até 450 mil euros. Este valor vai ser financiado pela Fundação JMJ Lisboa 2023.
- Por sua vez, D. Américo Aguiar sublinhou a importância “da presença dos jovens” no Parque Eduardo VII, quer pela vivência da cidade, quer porque seria complicado ter mais de um milhão de jovens durante uma semana apenas no Parque Tejo.
- Carlos Moedas apontou que este valor ficar a cargo da Igreja depois de uma decisão tomada em conjunto e que o que lá acontece — a Via-Sacra — tem características muito específicas.
Assim, "resumindo, temos aqui uma redução de custos para o erário público de 1,7 milhões de euros", apontou o presidente da CML, Carlos Moedas.
"Mas eu gostava de ser muito claro. Um evento desta dimensão tem custos e todos os portugueses, os lisboetas, estamos conscientes de que temos estes custos. Eu estou aqui para assumir pessoalmente estes custos, porque eles são justificáveis e trarão um retorno para a cidade que vai muito além do retorno financeiro. Podemos fazer as contas que quisermos, mas vamos ter um retorno extraordinário para a nossa cidade ao sermos o centro do mundo, da paz, da tolerância durante aqueles dias", frisou.
Carlos Moedas falou ainda do orçamento que tinha apresentado para a JMJ, no valor de 35 milhões de euros, e assumiu que grande parte desse valor vai ficar para a cidade no futuro. "Ou seja, até 25 milhões de euros ficarão na nossa cidade. O que estamos aqui a falar é de um investimento líquido, no evento, de 10 milhões de euros", evidenciou.
Entre os custos, o autarca afirmou que o palco e estruturas necessárias no Terreiro do Paço vão ter um valor de 700 mil euros e na Belavista o valor chega a 600 mil euros.
Para a cidade ficarão também investimentos nos bombeiros, proteção civil e polícia municipal, no valor de 6,6 milhões de euros.
Pela Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar começou por dizer que "foram 15 dias muitíssimo intensos" e agradeceu "o escrutínio que foi feito", bem como o trabalho de todos os envolvidos na reestruturação dos projetos que dizem respeito aos palcos.
"É óbvio que nunca nenhum de nós preparou uma coisa destas — e estamos a aprender. Penso que era a Sophia de Mello Breyner que dizia que os navegadores portugueses iam navegando com o mapa que iam fazendo. Nós estávamos exatamente aí, estamos a navegar e estamos a fazer o mapa, porque não o temos. Nem o GPS ajuda, neste caso. E, por isso, estamos a aprender. E queremos fazer bem", afirmou.
Recordando que Portugal nunca viu um evento como a JMJ, o bispo auxiliar de Lisboa reforçou que "estamos a falar de milhões de pessoas e de logísticas" nunca pensadas no país, ao nível de mobilidade, alojamento e alimentação. Por isso, "têm ocorrido quinzenalmente reuniões com a colaboração de todos" — mas os resultados nem sempre passam para os meios de comunicação "por questões de segurança".
"Há questões de segurança que não se devem mostrar nem revelar; da segurança do Papa e da segurança destas multidões. Se dissermos e mostrarmos tudo no que diz respeito à segurança podemos dar más ideias a quem quiser fazer mal", notou.
"Dói-me pessoalmente, como cidadão e como bispo, que estejamos num contexto em que todos somos ladrões, vigaristas, aldrabões, em que todos andamos aqui a enganar todos. Isso não é verdade. Os portugueses, as instituições, merecem da nossa parte toda a confiança. E estamos a trabalhar para que tudo seja feito da melhor maneira", acrescentou.
D. Américo voltou a referir que "cometer erros é humano, repeti-los não é tão inteligente" e, por isso, o objetivo é "tentar não repetir erros" e avançar com os projetos.
"Nós vamos fazer a melhor Jornada Mundial da Juventude de sempre, com a ajuda de todos os portugueses, com os conselhos, os pareceres, as ajudas, os escrutínios, de maneira a que cheguemos ao dia 7 de agosto felizes e contentes porque fomos capazes de o fazer", evidenciou o presidente da Fundação JMJ.
"Tem algum problema corrigir coisas? Não tem problema nenhum. Tem problema algum ser chamado à atenção e melhorar? Não tem problema nenhum. E é isso que vamos fazer, é esse o compromisso que assumimos".
Todavia, é preciso perceber que "somo pequeninos e limitados" e que "não somos a última Coca-Cola no deserto", pelo que é necessário saber lidar com os imprevistos que surgem.
Esta manhã, o presidente da República manifestou o seu agrado com a possibilidade de redução, para "muito menos de metade", dos custos públicos com os palcos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Parque Tejo e no Parque Eduardo VII.
“Quer dizer que, em vez de sete milhões [valor aproximado da soma dos dois palcos], se passa para dois e 900. Eu acho que valeu a pena aquilo que a comunicação social e muita gente, [aquilo que] a sociedade portuguesa fez, como apelo, e nestes tempos difíceis de guerra, de inflação”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, quando questionado sobre a redução do valor do altar-palco do Parque Tejo, a cargo da Câmara de Lisboa, para 2,9 milhões e sobre a passagem do palco do Parque Eduardo VII para a responsabilidade da Igreja Católica.
O chefe de Estado acrescentou que, “com a subida de preço e as dificuldades da vida, era preciso de facto baixar” os custos destes palcos da Jornada. “Fico satisfeito pelo esforço feito por todos para baixar para muito menos de metade”, rematou.
Os custos da JMJ têm estado em destaque depois de ser conhecido que a construção do altar-palco do espaço do Parque Tejo (com nove metros de altura e capacidade para 2.000 pessoas), a cargo do município da capital, foi adjudicada à Mota-Engil por 4,24 milhões de euros (mais IVA), somando-se a esse valor 1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura.
A 2 de fevereiro, numa reunião conjunta, foi frisado que as equipas técnicas iriam continuar "a trabalhar de forma empenhada para que no mais curto espaço de tempo seja possível apresentar novas soluções na sequência dos apelos" para que este custo fosse reduzido.
A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, o encontro vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, na zona norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
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