A Academia de Amadores de Música vai ter de sair, até agosto de 2025, do espaço onde se encontra atualmente, no centro da capital.
Em declarações à Lusa, em 30 de novembro, o presidente da direção da Academia, Pedro Barata, criticou a “inoperância” das entidades públicas para encontrar um local alternativo.
Questionada pela Lusa nessa mesma data, a autarquia da capital deu hoje resposta, após uma reunião entre o vereador da Cultura, Diogo Moura, e a direção da Academia de Amadores de Música, realizada na quinta-feira.
“Face ao acordo estabelecido entre as partes para saída da Academia do espaço do Chiado e devidas contrapartidas, a CML e a Academia encontram-se a avaliar a viabilidade de novos locais e soluções que garantam a continuidade do trabalho da entidade em prol da música e da cultura”, informa a autarquia, sem mais detalhes.
Segundo Pedro Barata, nas reuniões anteriores, “a câmara nunca chegou a dizer o que é que podia fazer”, nem avançou com alternativas para a Academia, que acabou por negociar sozinha “um acordo com o senhorio”, fechado em novembro.
“Fomos levados para esta decisão pela inoperância das várias entidades com quem falámos, pela falta de apoio”, salientou o dirigente.
No âmbito do acordo, a Academia - que assegura o serviço de música a 14 escolas de Lisboa – terá de deixar as atuais instalações, na Rua Nova da Trindade, ao Chiado, até agosto de 2025, o que quer dizer que garantirá apenas mais um ano letivo.
Em causa está uma norma do Orçamento do Estado para 2023 que prorrogou por mais cinco anos o estatuto especial das entidades culturais de interesse histórico, local e cultural, mas permitiu, ao mesmo tempo, a atualização da renda na base do valor do imóvel.
O valor dos 700 metros quadrados ocupados pela Academia no centro da capital “disparou” para um mínimo de 3.728 euros de renda.
“Está tudo no enquadramento legal, mas estamos entalados. A renda é incomportável”, lamentou Pedro Barata, recordando que a Academia paga atualmente 542 euros.
A questão está agora em encontrar uma nova localização, para onde será necessário “trasladar um palco inteiro, dez pianos e toda a parafernália de uma escola que tem 300 alunos” e 38 professores.
A Academia já identificou três hipóteses, também na cidade de Lisboa, mas todas precisam de obras, que não poderá custear sozinha.
Pela Academia, fundada em 1884, passaram nomes conhecidos da música como Carlos Bica, Pedro Ayres Magalhães ou Teresa Salgueiro, bem como clássicos como Fernando Lopes Graça, que foi diretor da Academia, Luís Freitas Branco e Emanuel Nunes.
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