O documento mereceu os votos favoráveis do PS, a abstenção do PCP e PSD, e os votos contra de CDS-PP e BE, disseram à Lusa fontes municipais.

De acordo com a proposta, à qual a agência Lusa teve acesso, em Benfica “prevê-se a construção de 756 habitações, das quais 569 são destinadas a arrendamento acessível", a par de uma creche e um jardim de infância na avenida Marechal Teixeira Rebelo.

A operação nesta freguesia engloba um edifício com 23 pisos, onde será permitido construir um máximo de 314 fogos, segundo informa um dos anexos à proposta, assinada pelos vereadores da Habitação, Paula Marques, do Urbanismo, Manuel Salgado, e das Finanças, João Paulo Saraiva, todos da vereação socialista.

Já em Marvila, está prevista a construção de uma creche e "de 539 habitações, das quais 363 são destinadas a arrendamento acessível", na Quinta Marquês de Abrantes e Alfinetes e no Pátio do Picadeiro.

A autarquia lisboeta aprovou hoje também o licenciamento de uma operação de loteamento municipal conjunta com a Luz Saúde, para terrenos municipais e privados, em Benfica, no âmbito do PRA.

Estes dois loteamentos irão nascer lado a lado.

O documento mereceu os votos favoráveis do PS, a abstenção do PSD, e os votos contra de CDS-PP, BE e PCP.

A proposta, à qual a Lusa teve acesso, assinada pelo presidente da câmara municipal, Fernando Medina (PS), dá conta que a operação de loteamento conjunta com a Luz Saúde – Unidade Saúde e de Apoio à Terceira Idade, S.A, prevê cinco lotes destinados a 276 fogos, serviços, comércio/serviços e equipamento privado.

Um anexo à proposta refere que “o imóvel está inserido no Loteamento de Iniciativa Municipal, ficando na Avenida Marechal Teixeira Rebelo, lote 27, confrontando também este loteamento com a Avenida Condes de Carnide”.

Em declarações à agência Lusa, numa avaliação conjunta aos dois loteamentos, o vereador do CDS-PP João Gonçalves Pereira criticou o tamanho dos fogos, apontando que o projeto “pretende engavetar as famílias lisboetas”, aplicando “regras de habitação social num programa que Medina diz que é para a classe média".

Esta ideia foi partilhada pelo PSD, que referiu que “o tipo de fogos propostos têm dimensões muito pequenas para um público que não é de habitação municipal, mas sim para a classe média”.

Apesar de salientar que “todos os projetos que trazem um incremento significativo de habitação para Lisboa são bem-vindos”, o vereador João Pedro Costa observou a existência de “um excesso de tipologias T0 e T1 e a carência de T2 e T3”.

Por seu turno, a vereadora Ana Jara, do PCP, destacou que o projeto de Marvila “é mais positivo” do que o de Benfica, e “parece mais interessante”, pois “concretiza a coesão social e territorial num local com fraturas importantes”.

Manuel Grilo, do BE (partido que tem um acordo de governação do concelho com o PS), considerou que o projeto “é uma verdadeira parceria público-privada”, razão pela qual se opôs às propostas.

Em resposta às críticas da oposição, a Câmara de Lisboa referiu que "as famílias de classe média que atualmente concorrem a habitação" são, "em 80% dos casos, compostas por apenas uma pessoa, predominantemente jovens em início de vida ativa e divorciados", e que "a percentagem de famílias com crianças está abaixo de 10%".

"É por este motivo que a oferta de habitação neste programa de renda acessível em Benfica e Marvila têm tipologias adequadas aos jovens, com 43% de T0 e T1, 38% de T2 e 19% de T3 ou superior", e apartamentos "com varandas e zonas comuns generosas, estando as áreas úteis e brutas bem acima dos valores de referência", acrescenta o município.