O documento foi aprovado esta tarde, por maioria, na reunião do executivo municipal de Loures (presidido pelo PS), com a abstenção do PS (quatro eleitos) e com os votos favoráveis dos eleitos da CDU (quatro vereadores), PSD (dois vereadores) e do vereador do Chega.

Durante a apresentação da moção, o vereador comunista Tiago Matias justificou a oposição à linha circular com o facto de os utentes do futuro metro de Loures terem de efetuar um segundo transbordo na estação do Campo Grande, caso este projeto se concretize.

“Prejudica fortemente os munícipes de Loures que se deslocam de e para Lisboa. Aquilo que queremos é que seja assegurada a rapidez e a eficácia dessa deslocação”, argumentou.

Tiago Matias explicou que “esse pressuposto tem em conta o modelo do metro de superfície, anunciado em julho pelo Governo, para o concelho de Loures, no distrito de Lisboa, que prevê já um transbordo na estação de metro de Odivelas (Linha Amarela).

Nesse sentido, a moção aprovada manifesta “a sua viva oposição à concretização do projeto da linha circular” e insta o Governo a “determinar ao Metropolitano de Lisboa a reavaliação imediata de todo o processo”.

A moção apresentada hoje pela CDU de Loures é semelhante à que foi apresentada e aprovada há uma semana pela Câmara Municipal de Lisboa, facto que mereceu críticas e reparos do presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão (PS).

“Quero lembrar que houve muitos debates na Assembleia da República sobre esta matéria e depois não devemos ser uma caixa de ressonância da decisão que foi há pouco tempo tomada pela Câmara de Lisboa”, considerou o autarca, ressalvando que “o importante é assegurar que o metro chega a Loures”.

Por seu turno, o vereador social-democrata Nélson Batista referiu que votou favoravelmente o documento porque entende que a linha circular “prejudica milhares de utentes que vivem em Loures” e que a melhor solução “é uma linha em laço”.

Já o vereador do Chega, Bruno Nunes, manifestou preocupação pelo facto de, no seu entender, ainda não existirem garantias de que o metro chegará ao concelho de Loures, tratando-se apenas de “promessas eleitorais”.

“O metropolitano em Loures tem 28 anos de história e é como o cometa Halley. Só passa de quatro em quatro anos. Na campanha eleitoral foi dito por parte do Chega que não existiam estudos topográficos, que não existiam estudos financeiros e que a única coisa que havia era o colocar da verba no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e que estes estudos nunca teriam mais do que quatro a seis anos”, declarou.

Em 09 de abril de 2020, sob a presidência do socialista Fernando Medina, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou uma moção, só com os votos contra do PS, manifestando a sua discordância por o Governo não suspender o projeto da linha circular, como aprovado pelo parlamento.

O documento do PCP, subscrito então por CDS-PP e PSD, contou ainda com os votos favoráveis do BE (partido que tinha um acordo de governação do concelho com o PS).

Em fevereiro de 2020, foi aprovada na Assembleia da República uma alteração à proposta de Orçamento do Estado para 2020, na especialidade, para a suspensão do projeto de construção da linha circular, o que motivou protestos do PS e do Governo.

Nessa altura, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que não se justificava um recurso ao Tribunal Constitucional, argumentando que o parlamento apenas formulou uma recomendação, sem suspender qualquer decisão administrativa.

Em maio desse ano, o Metropolitano de Lisboa assinou o contrato para a primeira empreitada do plano de expansão da rede, num investimento de 48,6 milhões de euros.

O projeto prevê a criação de um anel envolvente da zona central da cidade, com a abertura de duas novas estações: Estrela e Santos.

A linha circular vai ligar a estação do Cais do Sodré (linha Verde) à do Rato (linha Amarela).

As obras de expansão do Metro de Lisboa incluem mais duas etapas: no lote dois será feita a ligação entre a nova estação de Santos e o final da atual estação do Cais do Sodré; no lote três serão construídos os viadutos sobre a Rua Cipriano Dourado e sobre a Avenida Padre Cruz, na zona do Campo Grande, prevendo a ampliação da estação do Campo Grande para nascente.

Numa entrevista hoje ao Observador, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, adiantou que irá reunir ainda esta semana com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, e com a Administração do Metropolitano de Lisboa sobre o projeto da linha circular.