“O PDM prevê apenas o desenvolvimento de atividades económicas no local da refinaria da Galp, e nós não o vamos mudar para servir os interesses da Galp”, disse Luísa Salgueiro, ouvida esta tarde no Parlamento, pela Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, a requerimento do grupo parlamentar do PS.
O PDM foi revisto em agosto de 2019 e prevê, para aquele local, apenas atividade económica e não é intenção, nem interesse desta câmara do distrito do Porto alterar o destino daqueles solos, disse a autarca.
A Galp anunciou em dezembro a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano, uma decisão que põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.
Dizendo-se “surpreendida” pela decisão, a autarca socialista divulgou ter pedido esclarecimentos ao Governo e à Galp sobre o “futuro daqueles terrenos”, sem ter recebido ainda qualquer posição oficial.
Confrontada pelos deputados sobre a possibilidade de a Galp querer instalar uma refinaria de lítio naquele local, Luísa Sagueiro revelou que, numa reunião entre administradores da Galp e Governo, a indicação foi de que essa não é uma intenção da empresa.
“Foi-me dito que não pretendem [Galp] instalar uma refinaria de lítio”, ressalvou.
Além disso, Luísa Salgueiro sublinhou que um “eventual apetite para a especulação imobiliária” naqueles mais de 250 hectares de terreno, virados para o mar, não terão também o apoio da câmara.
O que a autarquia defende é o desenvolvimento de atividades económicas, de acordo com as novas normas ambientais, e que não ponham em causa a qualidade de vida e a saúde das pessoas, vincou.
Luísa Salgueiro referiu que o fecho da Petrogal não vai pôr em causa apenas os cerca de 1.500 postos de trabalho, mas todas as pequenas e médias empresas que “vivem com e da” refinaria.
Por esse motivo, a autarquia está a elaborar um estudo sobre o impacto económico que o encerramento da refinaria terá nas empresas do concelho, contou.
Além das consequências para o emprego, a presidente da câmara fala nos impactos para a economia da região e do país, nomeadamente no aumento das importações de produtos produzidos exclusivamente nesta.
Na terça-feira, os trabalhadores da refinaria de Matosinhos criticaram, num protesto que juntou cerca de 300 pessoas, o “golpe duro e desumano” da Galp, apontando culpas ao Governo e Presidente da República e garantido “luta”.
Falando num “golpe duro, frio, calculista e desumano” por parte da Galp, Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte) referiu que 22 dias passaram desde o anúncio do fecho da refinaria e, até ao momento, a administração “ainda não se dignou” a reunir com os trabalhadores.
A 30 de dezembro, e numa reunião pública do executivo municipal de Matosinhos, o responsável pela refinaria, José Silva, garantiu que a decisão de encerrar “está tomada e fechada”.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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