Num comunicado enviado à agência Lusa, o município de Odemira, liderado pelo socialista Hélder Guerreiro, “repudia toda e qualquer forma de violência e todos os comportamentos que não respeitem os direitos humanos”.

O autarca, citado no comunicado, “lamenta profundamente” os acontecimentos que “envolvem alegados atos de tortura e agressão de militares da GNR contra cidadãos imigrantes residentes” em Odemira, apresentando “uma palavra de solidariedade” para com os visados.

“As pessoas são o recurso mais valioso de Odemira, um território de inclusão e interculturalidade”, reafirmou Hélder Guerreiro, defendendo que “o assunto deve ser tratado até às últimas instâncias para apurar a verdade, as devidas responsabilidades e consequências”.

Na nota, o presidente da Câmara de Odemira diz confiar na justiça e nas diferentes instituições e acreditar que “os factos relatados não refletem a normal atuação da GNR”.

Esta é uma “entidade com a qual os autarcas de Odemira têm sempre mantido uma relação de colaboração e respeito, sendo importante que se mantenha a confiança nas forças de segurança”, frisou.

O autarca lamentou ainda que “Odemira continue a ser notícia pelas piores razões, uma vez que este é um território gerador de boas práticas, de boas gentes, de uma natureza ímpar, uma gastronomia única, capaz de atrair anualmente milhares de visitantes”.

Sete elementos da GNR estão acusados de um total de 33 crimes, por humilharem e torturarem imigrantes em Odemira, Beja, em 2019, atos que os próprios filmaram. Três destes elementos da GNR são reincidentes e já tinham sido condenados a penas suspensas por agressões a imigrantes em 2018.

Este caso foi noticiado pela CNN/TVI que avança que a investigação teve origem em 2019, quando a Polícia Judiciária apreendeu os telemóveis de cinco militares suspeitos de maus-tratos a imigrantes em Odemira, tendo encontrado vídeos e imagens que deram origem a este novo processo.

A CNN/TVI mostra os vídeos analisados e é possível detetar cenas de violência, insultos racistas, tortura física e humilhação contra vários imigrantes de origem asiática.

O Ministério da Administração Interna (MAI) considerou hoje que o conteúdo das imagens dos militares a torturarem imigrantes “não corresponde ao padrão de comportamento que a GNR e os seus militares devem ter no exercício das suas funções”.

Numa nota enviada à Lusa, o MAI refere que “a acusação do Ministério Público (MP) tem factos suscetíveis de justificar a responsabilização dos arguidos também em sede de processo disciplinar”.

“A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) desencadeou, de imediato, as providências necessárias à avaliação dos factos nessa perspetiva, estando o inquérito ainda em curso”, refere a tutela.