De acordo com o Guardian, um procurador holandês relembrou, durante a última audiência no caso de 11 suspeitos acusados de planear o assassinato de rivais, que a descoberta de uma câmara de tortura à prova de som, que se crê ter sido utilizada por um gangue de tráfico de droga, deveria recordar aos utilizadores de cocaína as consequências dos seus hábitos.

Os 11 suspeitos, incluindo um alegado líder conhecido como Roger "Piet Costa" P, são acusados de planear o assassinato rivais num local usado para alegadamente torturas.

Koos Plooij disse em tribunal, em Amesterdão, que a violência do tráfico de droga era um resultado "repulsivo, mas aparentemente inevitável" do uso generalizado de drogas ilegais na Holanda e nos países vizinhos.

"A questão é saber quantas pessoas estão dispostas a admitir que existe de facto uma ligação entre o uso de cocaína - quer seja para festejar, lidar com o stresse laboral ou suprimir problemas psicológicos - e o submundo que está feliz por responder à procura, mas de acordo com as suas próprias regras: corromper, ser duro, não poupar nada e ninguém", disse Plooij, citado pela publicação.

Há dois anos, agentes da polícia intercetaram mensagens e descobriram sete contentores em Wouwse Plantage, em Brabant, seis dos quais com algemas de mãos e de pernas. Num sétimo contentor havia ainda uma cadeira de dentista remodelada, com tiras para atar braços e pernas, grampos de dedos, bisturis, martelos, alicates, tesouras de poda, fita adesiva e outros. Além disso, o contentor era insonorizado.  Os agentes encontraram também um congelador suficientemente grande para conter mais do que uma pessoa, entre outros dispositivos usados para tortura.

O tribunal ouviu que um segundo local em Roterdão seria a base operacional de uma "equipa de detenção", cuja tarefa era recolher os alvos pretendidos e levá-los para o outro local, em Wouwse Plantage. Foi ainda referido que as esposas e filhos dos alegados rivais do gangue também estariam em perigo de serem um alvo e de serem "detidos nas condições mais bárbaras".

Em ambos os locais, foram encontrados também uniformes de polícia roubados, coletes à prova de bala e luzes azuis intermitentes.

Os procuradores pediram uma pena de prisão de 12 anos para Roger P, conhecido como Piet Costa, que já enfrenta uma pena de prisão de 17 anos e nove meses por uma outra condenação.

A acusação disse que não havia nada que fundamentasse as alegações feitas por um dos suspeitos de que acreditavam que os contentores estavam a ser colocados com o objetivo de cultivar cânhamo. Os suspeitos negaram as acusações.