“Recorda-se que o único apoio substantivo e não institucional existente ao Coliseu do Porto neste momento é o da Ageas Seguros, que não questiona o modelo de concessão”, sublinha num esclarecimento enviado à agência Lusa.

A Associação Comercial do Porto (ACP) apresentou a sua demissão da direção da Associação Amigos do Coliseu, por não se rever na forma como o processo sobre o futuro daquela estrutura está a ser conduzido, "desconsiderando" a própria direção.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, afirmou hoje que o comportamento dos parceiros institucionais "não dignifica" a história da Associação Amigos do Coliseu, defendendo que a discussão sobre o futuro daquele equipamento devia ter sido feita em assembleia-geral dos associados do Coliseu.

Câmara do Porto, Área Metropolitana do Porto (AMP) e Ministério da Cultura, parceiros institucionais do Coliseu do Porto, vão propor na assembleia-geral da Associação Amigos do Coliseu, no dia 13 de março, a concessão a privados daquela sala de espetáculos, modelo que foi, entretanto, validado pelo Conselho Municipal de Cultura do Porto, com 13 votos a favor e 11 abstenções.

No esclarecimento hoje à Lusa, a autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira, considera que as declarações do presidente da direção da Associação Comercial “apenas podem ser enquadráveis num certo desconhecimento quer dos estatutos da Associação Amigos do Coliseu do Porto quer do funcionamento da sua direção”.

“Contrariamente ao que parece preconizar o senhor presidente da Associação Comercial, o caderno de encargos e as condições da concessão não devem partir de fora para dentro e devem ser definidas pelos associados e dirigentes, no cumprimento dos estatutos e em respeito pela sala. Mas, sobretudo, é inaceitável admitir que sugira que a gestão corrente da associação não seja da responsabilidade da direção eleita, mas sim por quaisquer outros poderes ou interesses”, ressalvou.

Quanto à demissão do presidente da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto, Eduardo Paz Barroso, apresentada na segunda-feira, a câmara vincou que “nunca” estaria nas suas mãos, nem da AMP, a sua recondução no cargo, sendo essa uma competência do Governo.

A intenção de concessionar o Coliseu do Porto foi anunciada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no dia 29 de janeiro. À data, o autarca explicava que, na impossibilidade de recorrer a fundos comunitários, esta foi a solução encontrada para garantir o restauro daquela sala de espetáculos, uma vez que a Associação Amigos do Coliseu, proprietária do espaço, não tem condições para o fazer.

No dia 13 de fevereiro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) garantia, no entanto, que não é de excluir a possibilidade de enquadrar, no âmbito do Norte 2020, as obras de restauro do Coliseu do Porto.

A CCDR-N salientava que não tinha sido recebida nos avisos publicados para acesso ao NORTE 2020 “qualquer candidatura para apoio à recuperação do Coliseu do Porto".

Antes, na reunião do executivo de 10 de fevereiro, Rui Moreira admitiu a possibilidade de as obras de reabilitação do Coliseu serem feitas com recurso a ‘crowdfunding’ ou uma quota especial, em vez do modelo de concessão que defendeu, face às questões levantadas pelos vereadores da CDU e do PS que defenderam o recurso a financiamento público.