Uma grande parte dos camionistas manteve os seus veículos estacionados hoje nas estradas, bloqueando parcialmente vias importantes, apesar de os dirigentes sindicais que negociaram com o Governo terem anunciado que iriam aconselhar o fim da greve depois das cedências anunciadas por Temer.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os protestos prosseguiram esta manhã em, pelo menos, 22 dos 26 Estados e Distrito Federal do Brasil, e apesar de o número de bloqueios ser muito inferior ao dos primeiros dias da paralisação, a greve mantém o caos no país.

Os bloqueios já tinham sido reduzidos de forma significativa na passada quinta-feira, quando o chefe de Estado ordenou a mobilização de efetivos das Forças Armadas para desobstruir as estradas.

Em muitas das grandes cidades do Brasil, os postos de abastecimento continuam sem combustíveis, os mercados continuam sem receber alimentos, os hospitais funcionam em regime de emergência e as universidades e escolas anunciaram que vão fechar as portas a partir desta segunda-feira e até novas ordens.

De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, oito dos grandes aeroportos do país estavam sem combustíveis e, apesar dos voos não terem sido cancelados, só podiam operar aviões com combustível suficiente para regressar ao destino.

Sem combustível para os autocarros, as frotas de transporte público operavam com restrições em quase todas as cidades, com uma redução até 70% em cidades como São Luís do Maranhão e de 30% em São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo porta-vozes do Governo, os camionistas estão à espera de orientações dos seus representantes para levantar a greve.

O Presidente Michel Temer anunciou, no domingo, novas concessões aos transportadores, para pôr fim à greve que na última semana causou sérios constrangimentos no abastecimento de combustível e de alimentos no país.

Michel Temer cedeu assim à pressão dos camionistas, que protestavam contra os elevados preços dos combustíveis e os aumentos consecutivos aplicados pela petrolífera estatal Petrobras.

Entre as concessões, Temer anunciou que o preço do diesel terá uma redução de 0,46 reais por litro pelo prazo de 60 dias, o que representa uma queda de 12%. Os camionistas rejeitavam o congelamento por 30 dias, estipulado na quinta-feira.

De acordo com o Presidente, o governo vai assumir “o sacrifício no orçamento” para “aliviar o sofrimento [da população]”.

“Quero mostrar a minha plena confiança no espírito da responsabilidade, solidariedade e patriotismo”, afirmou Temer, em declarações à rádio e à televisão, depois de várias horas em negociações no Palácio presidencial.