A campanha quer mostrar os “últimos dias” deste vale, antes da conclusão da barragem de Foz Tua, que está em construção entre Alijó e Carrazeda de Ansiães, e os quatro mini documentários mostram “A última vindima”, “A última colheita”, “A última descida do rio” e “A última caminhada”.

“O que nós pretendemos é chamar a atenção para o risco de este ser mesmo o último ano do Tua”, afirmou à agência Lusa o coordenador técnico da Plataforma, João Joanaz de Melo.

Realizados por Jorge Pelicano, responsável pelo trabalho “Pare, escute e olhe”, sobre a linha de caminho-de-ferro do Tua, os pequenos vídeos querem mostrar que “a ameaça da barragem é cada vez mais real” e que vai “afetar comunidades e modos de vida”.

Por exemplo, na aldeia da Sobreira, concelho de Murça, Pedro Duarte, o jovem que optou por ser viticultor, protagoniza “A última vindima” e garante que a “barragem não vai trazer nada” e “já está a mudar tudo”.

Alguns hectares inseridos na Região Demarcada do Douro vão ser afetados pelo empreendimento hidroelétrico nesta aldeia do distrito de Vila Real, mas, para além disso, os produtores mostram-se também preocupados com as consequências para a vinha, com a necessidade de maiores tratamentos devido à maior humidade.

O agricultor Manuel Queiroga queixa-se de que vai ficar sem os terrenos onde tem a sua horta, enquanto Ricardo Inverno faz canoagem pelo rio de “experiências fortes”, fala sobre o “monstro sem necessidade de ser criado” e deixa a pergunta: “por que é que é tão fácil destruir?”.

Aníbal Gonçalves, guia por uma caminhada pela linha ferroviária do Tua, aproveita para guardar em fotografias as memórias da linha e do vale.

“Estamos a destruir comunidades, destruir modos de vida e o desenvolvimento local e estamos a afetar pessoas que gostariam de ter uma opção de vida aqui e que lhe está a ser negada”, salientou João Joanaz de Melo. O objetivo desta campanha, que será oficialmente apresentada dentro de semanas, é “chamar a atenção da opinião pública”.

Em paralelo correm três processos em tribunal contra o empreendimento que está a ser construído pela EDP e está inserido no Plano Nacional de Barragens.

Em 2013 foi entregue em tribunal uma ação administrativa para anulação do contrato de concessão entre a EDP e o Estado. Um ano mais tarde foi colocado um processo para suspender as expropriações, que foi acompanhado de uma providência cautelar que foi indeferida, mantendo-se em curso a ação principal e, em 2015, foi posta uma ação administrativa especial contra a aprovação da linha de muito alta tensão.

O coordenador queixou-se de “negligência e má-fé por parte do Estado português” e da “completa inoperância por parte dos tribunais” neste processo, garantindo que ainda não desistiram da luta contra a barragem, em curso desde 2007, porque esta representa “um crime de lesa pátria” que vai afetar comunidades, o Douro Património Mundial e a linha do Tua, onde a circulação está suspensa há mais de sete anos.

A campanha, preparada para as redes sociais, foi patrocinada pelo grupo Esporão, um dos membros fundadores da Plataforma Salvar o Tua.

A barragem de Foz Tua está em construção há cinco anos e a concessionária EDP aponta “o enchimento da albufeira e entrada em serviço para 2016”.

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