No seu primeiro discurso público, horas depois de ter sido oficialmente nomeado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) como candidato às eleições presidenciais de 02 de outubro, Lula da Silva frisou: “Não estamos perante uma eleição comum, estamos perante um fascista cercado por milicianos de todos os lados e precisamos de o derrotar para recuperar a democracia”.
A convenção em que a candidatura de Lula foi oficializada foi um evento de baixo perfil, realizado num hotel de São Paulo à porta fechada, ao mesmo momento em que Lula liderava um comício na cidade de Recife.
“Podia ficar em casa, manter o título de melhor Presidente da história do Brasil e viver os últimos anos da minha vida, mas estou a ver um país a ser destruído”, declarou.
O país, na opinião do ex-presidente brasileiro, está hoje em pior estado do que quando tomou posse em 2003, com “maior dívida, inflação (quase 12%) e desemprego (11%)”, entre “a destruição de instituições e o desmantelamento de políticas públicas”.
Lula, que é o favorito para as eleições presidenciais de 02 de outubro de acordo com todas as sondagens, explicou que concorre à presidência pela sexta vez com a intenção de “consertar” o Brasil e fazer “mais e melhor” do que nos oito anos em que exerceu a presidência.
Lula garantiu ainda que se ganhar as eleições não se preocupará apanhas com política fiscal, para que não aconteça o mesmo que aconteceu ao Presidente da Argentina, o seu “amigo” Alberto Fernández, que venceu as eleições de 2019 com “a perspetiva de resolver” os problemas económicos do seu país, mas “não conseguiu” devido à dívida milionária com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que – salientou – herdou do mandato de Mauricio Macri.
“Amanhã este Brasil será de novo o país dos nossos sonhos, com cultura, emprego, lazer e onde todos ajudam a construí-lo”, concluiu perante os seus apoiantes na capital do estado de Pernambuco.
Esta será a sexta vez que o antigo operário lutará para se tornar presidente do Brasil, após três tentativas infrutíferas (1989, 1994 e 1998) e duas vitórias (2002 e 2006).
Em 2018, o ano em que Bolsonaro ganhou, também aspirou a procurar a presidência, mas o sistema de justiça eleitoral impediu-o de o fazer porque foi condenado por corrupção.
Mas em março de 2021 a sua vida deu uma volta de 180 graus quando recuperou os seus direitos políticos graças a uma decisão do Supremo Tribunal que anulou as duas sentenças, pelas quais passou 580 dias na prisão.
A realização de convenções partidárias, como a que hoje aconteceu no PT, é um passo essencial no processo eleitoral brasileiro, uma vez que definem os nomes que irão concorrer a cargos eletivos nas eleições presidenciais, regionais e legislativas.
Na quarta-feira, O advogado Ciro Gomes foi anunciado oficialmente como candidato do Partido Democrático Trabalhista à presidência do Brasil para “enterrar” os modelos políticos encarnados pelo Presidente Jair Bolsonaro e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A campanha de Ciro, que vai disputar o Palácio do Planalto pela quarta vez, adotou o lema “vote em um e livre-se dos dois”, numa referência a Lula e a Bolsonaro.
No domingo será a vez de Bolsonaro, que será proclamado o candidato do Partido Liberal (PL) num evento no Rio de Janeiro, o local de nascimento político.
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