Na véspera da efeméride, caracterizada a nível mundial como “um ataque à democracia”, a porta-voz da Casa Branca (Presidência dos Estados Unidos), Jen Psaki, assegurou que Joe Biden vai denunciar no discurso de hoje “a responsabilidade (do antigo) Presidente Trump" no "caos".
Joe Biden "vê o dia 6 de janeiro [de 2021] como o culminar trágico do que quatro anos da Presidência Trump fizeram a este país", afirmou a porta-voz, numa declaração interpretada como um endurecimento das palavras da Casa Branca em relação ao ex-Presidente republicano.
No mesmo discurso, que será realizado no próprio recinto do Capitólio, em Washington, e que será acompanhado por uma intervenção da vice-Presidente norte-americana, Kamala Harris, o chefe de Estado vai igualmente lembrar que a democracia nos Estados Unidos continua frágil.
“Irá falar sobre o trabalho que falta fazer para assegurar e fortalecer a nossa democracia e as nossas instituições, para rejeitar o ódio e as mentiras que vimos no 06 de janeiro, para unir o país", afirmou a mesma porta-voz, mas em declarações feitas na terça-feira.
"O dia 6 de janeiro não foi uma ação irrefletida e espontânea de uma multidão violenta. Foi uma tentativa de derrubar violentamente o resultado de uma eleição livre e justa. O dia 6 de janeiro ainda existe", disse, por sua vez, na quarta-feira, o líder democrata do Senado (câmara alta do Congresso), Chuck Schumer.
O ataque à sede do poder legislativo norte-americano ocorrido em 06 de janeiro de 2021 ficou marcado pela morte de cinco pessoas e mais de uma centena de polícias agredidos por uma multidão composta por apoiantes do ex-Presidente norte-americano Donald Trump.
Cerca de 10 mil pessoas cercaram e várias centenas forçaram a entrada no Capitólio, quando os congressistas estavam a certificar o resultado das eleições presidenciais de novembro de 2020 e a vitória do atual Presidente, o democrata Joe Biden.
A invasão da sede do Congresso norte-americano aconteceu algumas horas depois de Trump se ter dirigido a uma multidão composta por milhares de apoiantes, durante um comício realizado nas imediações da Casa Branca, e de ter defendido que estes nunca deveriam aceitar uma derrota, numa referência aos resultados das presidenciais de novembro de 2020.
No final de dezembro passado, a presidente da Câmara de Representantes (‘speaker’), a democrata Nancy Pelosi, anunciou um conjunto de iniciativas que hoje vão assinalar a efeméride: um momento de oração nas escadas do Capitólio, a observação de um minuto de silêncio e um espaço de debate dedicado aos acontecimentos daquele dia.
“Estas iniciativas pretendem ser uma observância de reflexão, recordação e compromisso, num espírito de unidade, patriotismo e oração", disse Pelosi.
O espaço de debate previsto terá a participação de historiadores para, segundo frisou Pelosi, "estabelecer e preservar a narrativa do 06 de janeiro", mas também de congressistas que estavam no interior do edifício no dia do assalto e que irão partilhar a sua experiência.
Cerca de 700 pessoas já foram alvo de acusações criminais e mais de 50 foram condenadas, mas, um ano depois do ataque, as autoridades norte-americanas ainda continuam na busca de muitos outros suspeitos pelos crimes associados à invasão do Capitólio.
O ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha uma conferência de imprensa programada para hoje, mas cancelou a iniciativa, tendo anunciado que vai abordar o tema do assalto ao Capitólio num comício em 15 de janeiro.
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