Em declarações à Lusa, um líder comunitário de Sunate, localidade também conhecida por Silva Macua, em Ancuabe, confirmou que o suposto membro dos terroristas servia como vigilante para controlar a movimentação das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e da população.
“Ontem [domingo] foi capturado um membro dos terroristas, fazia trabalho de vigilância para informar os seus colegas sobre a movimentação das FDS e da população. Foi encontrado em cima de uma árvore, perto dos campos de produção, a escassos metros daqui da sede da localidade de Sunate”, disse, sob anonimato, um líder comunitário.
Acrescentou que o suspeito, que apenas fala a língua local kimwani, quando abordado pelas autoridades assumiu que estava a vigiar as movimentações das Forças de Defesa e Segurança e das populações para atualizar os seus colegas, numa altura em que os militares tentam manter o cerco aos grupos insurgentes.
“Só fala kimwani, confessou que estava ali para averiguar a movimentação das FDS e da população para que o grupo não corresse riscos”, detalhou a mesma fonte.
Na passada sexta-feira, um grupo de quase 50 terroristas foi visto pelas populações atravessando a estrada Nacional 1 (N1), entre as aldeias Nanlia e Impriri, no distrito de Metuge, segundo o mesmo líder comunitário, com fontes locais a suspeitarem que o grupo se dirigia à vizinha província de Nampula, alegadamente para recrutar novos membros.
A movimentação dos grupos terroristas nos últimos dias também foi observada no distrito de Quissanga, perto dos campos de produção agrícola junto ao distrito de Metuge, e criou pânico e levou as populações de Nampipi a abandonar as atividades.
Lideres locais e populares admitem que a movimentação dos terroristas esteja ligada à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou na sexta-feira uma posição da Força de Intervenção Rápida (FIR) no distrito de Metuge, província de Cabo Delgado, assolada por ações de grupos armados, reconhecendo que os terroristas tentam agora “outras formas de desestabilização”.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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