Mostrar obra enquanto se reforça a relação com os cidadãos europeus. Para Carlos Moedas, Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, deverá ser este o caminho da União Europeia. Numa visita à Dominó, empresa familiar que opera no setor da cerâmica, em Condeixa-a-Nova, Moedas defendeu que a Europa “tem de voltar a estar no palco e mostrar a cara”, dando o exemplo da empresa de pavimentos e revestimentos cerâmicos como um caso de sucesso na utilização de fundos comunitários.
Para o Comissário Europeu, a ”crise veio mostrar que Bruxelas tem que voltar ao palco para que as pessoas percebam o que a Europa faz e não faz”, reforçou, colocando a tónica num afastamento entre os cidadãos e a instituições comunitárias.
“Há 20 anos a Europa lidava diretamente com as pessoas”, mas foi “perdendo essa capacidade”, disse Carlos Moedas, que deu como exemplo o Programa Erasmus (Educação), do qual ele próprio beneficiou enquanto estudante do ensino superior. “Sou um exemplo disso, dessa relação direta com a Europa”, acrescentou.
Carlos Moedas, Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, defende, por isso, “a inclusão de programas no próximo orçamento plurianual que fortaleçam a relação direta com as pessoas”.
Reiterando que Portugal “é um bom utilizador dos fundos Europeus”, Moedas especificou que, no que diz respeito ao Plano Junker, este traduziu-se no país, até à data, na disponibilização “2 mil milhões de euros” que se “espera que tenham um impacto na economia entre os 5 a 6 mil milhões”. O comissário ressalvou ainda os “17 projetos de infraestruturas” possíveis graças a este programa, e cuja expectativa é que tenham impacto em “1500 PME’s”.
Dominó, uma empresa exemplo da boa utilização dos fundos comunitários
Com 30 anos de existência, a Dominó “tem uma relação antiga com a União Europeia” e candidatou-se, desde 1989, a “21 programas”, com o foco na “inovação, internacionalização, energia e aquisição de equipamentos”, adiantou ao SAPO24 João José Xavier, presidente do Conselho de Administração desta empresa familiar que emprega 200 colaboradores.
Guiando o Comissário Europeu numa visita pela fábrica, numa comitiva que integrou ainda o presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, Nuno Moita da Costa, e Jaime Andrez, presidente do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização – COMPETE 2020, o presidente da empresa que produz azulejos e mosaicos explicou de que forma superou o contexto económico e financeiro português no período da recessão, investindo em tecnologia e apostando na exportação.
A meio do período da crise, em 2011, “foi feito um investimento forte através do QREN para financiar aquisição de material que produz produtos de maiores dimensões, de um segmento mais alto e isso permitiu trabalhar mercados de maior valor acrescentado e mais rentáveis”, frisou.
“O efeito positivo da crise é que a empresa olha para dentro e altera a política comercial e altera o modelo de negócio”, continuou. “Em 2013, com as reestruturações feitas, permitiram inverter mais cedo que a própria conjuntura”, sublinhou.
Hoje a empresa produz 15 mil m2 de revestimentos e pavimentos por dia e exporta 65% da produção para 60 mercados nos cinco continentes, com maior expressão em “França, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Bélgica e Holanda”, considerados “mercados maduros e estáveis e num ciclo favorável de crescimento”. É esperada este ano uma “faturação de 16 milhões de euros”, um número, ainda sim, longe dos 22 milhões de 2008.
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