"Após receber pedidos de audiência de três ORT (Organizações Representativas dos Trabalhadores) da Carris", os deputados comunistas agendaram "um encontro alargado, com todas as ORT da Carris, na Assembleia da República, quinta-feira, pelas 14:00, assim como com as ORT da STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto), segunda-feira, no Porto", disse à agência Lusa fonte da bancada parlamentar do PCP.

O Sindicato Nacional de Motoristas, em comunicado, manifestou-se contra o pedido de apreciação parlamentar que o PCP apresentou sexta-feira contra o diploma governamental que entrega da Carris à Câmara Municipal de Lisboa (CML), admitindo até protestos à porta da sede nacional daquele partido.

Hoje mesmo, o PCP voltou a mostrar-se contra a municipalização da transportadora terrestre que serve a Grande Lisboa, mas admitiu existirem "soluções, desde que haja interesse e vontade", sem esclarecer se vai propor as alterações que preconiza ao decreto-lei do Governo PS ou a sua cessação na apreciação parlamentar que vai ser agendada no parlamento quarta-feira, em conferência de líderes das diversas bancadas partidárias.

O autarca e previsível recandidato socialista Fernando Medina considerou entretanto que a iniciativa comunista é "só um debate, um diálogo", que será travado com confiança e convergência entre parceiros.

Também hoje, a Comissão de Trabalhadores (CT), o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), o Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM) e a Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (ASPTC) defenderam a transferência da gestão da Carris para a edilidade "alfacinha", embora reconhecendo ser "legítimo e legal" o pedido de apreciação.

Para já, desconhece-se o sentido de voto do PSD. Os sociais-democratas podem votar ao lado do PCP e outros para impedir a municipalização da empresa, uma vez que defendem a sua concessão/privatização.

Para o BE, a necessidade de maior articulação metropolitana não é razão bastante para uma oposição à municipalização da Carris, que o partido apoia e, caso a apreciação parlamentar do PCP vise a cessação de vigência do diploma, os bloquistas votarão contra.

A falta de articulação metropolitana é uma das críticas dos comunistas que é partilhada pelo CDS-PP, que defendia o modelo de concessão a privados, mas estando contra a entrega à CML votará a favor de uma cessação de vigência, se for essa a proposta comunista.

Em relação ao Porto, a STCP - cuja concessão/privatização foi revertida pela nova maioria parlamentar tal como aconteceu com a Carris - vai ser gerida a partir de fevereiro pelos seis municípios onde opera (Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Maia, Gondomar e Valongo), para já por um período de sete anos.

Para o PCP, Lisboa e Porto constituem "dois conjuntos de municípios, duas grandes áreas metropolitanas, com dinâmicas e situações particulares no quadro das empresas de transportes".

"Só no quadro da administração central do Estado, com os meios que é preciso afetar, é possível garantir esse serviço de qualidade às populações, a renovação da frota, a valorização dos trabalhadores", defendem os comunistas.