O ministro falava na comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de uma audição regimental, e respondia ao Chega sobre a animação alusiva à polícia e ao racismo transmitida no canal público de televisão e que aludia à realidade francesa.
“Devemos preservar o espaço de autonomia do humor e aceitar com tolerância esse espaço. (…) A liberdade de expressão é um tema muito sério nas nossas sociedades e é tanto mais sério e exigente quando as questões são mais difíceis quando elas se colocam”, afirmou o governante.
“O humor e os ‘cartoons’, em particular, são sempre uma intervenção sobre a atividade política, social, cultural, nacional e internacional, são mesmo um teste interessante à liberdade de expressão”, referiu.
O ministro reiterou que “o humor deve gozar de particular autonomia no contexto editorial” dos órgãos de comunicação social.
No entanto, “isso não nos impede nunca que determinado momento de humor” seja considerado de mau gosto, “mas isso é diferente de qualquer intervenção de censura”, afirmou.
“Devemos preservar o espaço de autonomia do humor e aceitar com tolerância esse espaço de autonomia, o que não nos inibe de fazer considerações” sobre o assunto, insistiu.
Questionado pelo Bloco de Esquerda sobre o facto de o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, ter contactado a administração da RTP sobre o referido ‘cartoon’, Pedro Adão e Silva descartou a ideia de que foi para pressionar o canal público.
“O ministro deu-me conta do contacto que tinha feito e não foi para mostrar desagrado. O contacto foi para ser esclarecido e foi muito útil, permitiu dar conta às forças de segurança que estavam inquietas”, disse Pedro Adão e Silva.
O ‘cartoon, da autoria de Cristina Sampaio, colaboradora do coletivo Spam Cartoon, que tem uma rubrica semanal na RTP, chama-se “Carreira de tiro” e mostra um polícia a atirar ao alvo com cada vez mais intensidade. No final, mostra os alvos, que foram escurecendo à medida da agressividade do polícia, servindo de metáfora ao tema do racismo nas forças de segurança.
Já em 10 de julho, em Vila Viçosa, Pedro Adão e Silva tinha defendido que os humoristas e ‘cartoonistas’ devem ter autonomia, destacando que a animação alusiva à polícia e ao racismo transmitida no canal público aludia à “realidade francesa”.
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