[Notícia atualizada às 12h21]
Ministério Público espanhol anunciou hoje que pediu uma fiança de 200 mil euros para o cunhado do rei de Espanha Iñaki Urdangarin evitar a pena de prisão de seis anos e três meses. Horas depois, o Tribunal rejeitou o pedido. De acordo com o El País, o cunhado do Rei fica em liberdade, não terá de pagar fiança, desde que se apresente periodicamente a um juiz do seu país de residência, a Suíça, no primeiro dia de cada mês.
De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, o fiscal do departamento público de combate à corrupção Pedro Horrach disse que teve em conta, na hora de solicitar a caução, o risco de fuga.
Diego Torres, sócio de Iñaki, condenado a oito anos e seis meses de prisão por cinco crimes de corrupção, não terá de pagar os 100 mil euros de fiança e fica também em liberdade.
O cunhado do Rei esteve presente no tribunal de Palma de Maiorca, ao contrário do que aconteceu aquando da leitura da sentença.
A investigação teve início em 2006 quando o jornal El Mundo denunciou um pagamento feito ao Instituto Nóos, uma fundação dedicada ao desporto e sem fins lucrativos com sede em Palma de Maiorca, fundada e presidida por Iñaki Urdangarin entre 2004 e 2006. Só em 2011 teria início a investigação oficial e a acusação foi formalizada em 2014. O casal foi acusado de fraude fiscal e de branqueamento de capital.
O tribunal considerou provado, na passada sexta-feira (17 de fevereiro), que Urdangarin e o seu sócio Diego Torres terão cobrado mais de seis milhões de euros aos governos de Valência e das Ilhas Baleares pela realização de eventos que custaram apenas um terço deste valor (cerca de dois milhões de euros). O valor remanescente - na realidade a maior fatia - foi encaixado por empresas privadas dos dois sócios, uma delas a Aizoon, detida pelos duques de Palma de Maiorca, Cristina e Urdangarin, com quotas de 50% cada.
A princesa e o marido faziam parte de um grupo de 17 suspeitos que começaram a ser julgados em janeiro de 2016. Urdangarin, em concreto, era acusado de ter utilizado as suas ligações à família real para ganhar concursos públicos para organizar, entre outros, eventos desportivos, tendo em seguida desviado fundos para a Aizoon, a empresa que ele geria em conjunto com a princesa Cristina e utilizava para financiar o seu estilo de vida luxuoso.
Em junho de 2016, o ministério público espanhol tinha pedido uma pena de prisão de 19 anos e meio e uma multa de 980.000 euros para Inaki Urdangarin. O procurador anticorrupção espanhol Pedro Horrach pediu uma pena de prisão de 16,5 anos para o sócio de Urdangarin, Diego Torres, que também é acusado de peculato.
Desde o início do caso, a acusação recusou a apresentação de uma queixa contra a princesa Cristina, que juntamente com o marido também se suspeita que tenha utilizado a Aizoon para realizar despesas pessoais, incluindo obras numa mansão em Barcelona, o que permitiu reduzir lucros tributáveis da empresa.
Entretanto, uma organização chamada "Mãos Limpas", levou a tribunal o caso da alegada evasão fiscal da princesa Cristina, visto que a lei espanhola permite que grupos privados possam iniciar este tipo de processos penais.
O advogado deste grupo privado chegou a pedir uma pena de prisão para a irmã do rei Filipe VI, mas esta negou ter conhecimento das atividades do marido.
A imagem da “Mãos Limpas” foi manchada logo no início do julgamento, quando o chefe da organização foi detido por tentativa de extorsão, ao pedir aos advogados da princesa Cristina dinheiro em troca de deixar cair as acusações.
Este caso de corrupção que envolve a irmã do rei tem sido seguido com grande interesse em Espanha, tendo manchado a reputação da monarquia e contribuído para a abdicação do rei Juan Carlos, em junho de 2014, a favor do filho.
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