“O Bloco de Esquerda é o partido mais plural da sociedade portuguesa, que tem uma direção nacional em que estão representadas todas as sensibilidades, onde tudo é debatido. Orgulho-me que assim seja e é também um partido em que há sempre várias moções candidatas a todas as convenções”, respondeu Catarina Martins.
Largas dezenas de elementos do Bloco de Esquerda (BE) estiveram no domingo reunidos, no encontro nacional Convergência, para preparar uma moção para apresentar na próxima convenção do partido, em 2020, mas rejeitam estar a criar uma nova tendência ou a preparar uma cisão.
À margem de uma visita à Escola Básica do Castelo, no centro de Lisboa, Catarina Martins foi questionada sobre as críticas apontadas à direção do BE por este grupo de aderentes que, para além de divergirem da atual orientação política, apontam falta de debate interno.
A coordenadora bloquista assinalou que tradicionalmente se apresentam à convenção três ou quatro moções, respondendo aos críticos que o BE “é o partido mais plural da sociedade portuguesa”, com uma direção com todas as sensibilidades representadas.
De acordo com a líder bloquista, “há pessoas que tradicionalmente têm encabeçado moções a todas as convenções”, sendo “natural que assim seja”.
“Tradicionalmente, em todas as convenções, se apresentam três, quatro moções diferentes. Há uma que já se anunciou, estou certa que até lá haverá mais moções a anunciarem-se e é assim mesmo”, afirmou.
Concretamente sobre as críticas de falta de debate interno feitas na conferência de imprensa de domingo por João Madeira, que integra do partido desde a fundação, Catarina Martins começou por salientar que aquele militante “tem apresentado moções a todas as convenções ou quase todas as convenções”.
“Faz sempre, acho muito bem que o faça. Vai tornar a fazê-lo”, desvalorizou.
Já sobre o debate interno, a coordenadora bloquista respondeu: “eu faço os debates internos do Bloco no Bloco”.
João Madeira explicou no domingo aos jornalistas que o movimento designado como “Convergência” reúne aderentes do BE de “diferentes sensibilidades” e que “estão preocupados com a situação” atual do partido.
Apesar dos resultados eleitorais “bastante satisfatórios”, este movimento entende que a direção do BE precisa de maior autonomia e de mais afirmação das propostas do partido, em vez de andar “à procura do entendimento com o PS”.
“Sentimos as dificuldades que decorrem de muitas vezes não sermos ouvidos nos reparos, nas críticas e propostas que fazemos […]. Há muitas discussões fundamentais, como o programa eleitoral, que não foi discutido dentro do Bloco, ou se foi discutido, foi de forma muito mitigada”.
O movimento “Convergência” entende que é “preciso valorizar as organizações da base até ao topo e ter participação mais ativa e empenhada dos diferentes aderentes”.
Questionado sobre se procuram construir uma tendência dentro do BE, João Madeira rejeitou a ideia de serem um “movimento organizado e com regulamentação própria”.
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