"Acho que a notícia de hoje, 630 milhões de euros que faltam aos cofres do Estado porque foram para os ‘offshores’ é uma notícia que nos deve fazer pensar no sistema fiscal que temos", disse Catarina Martins, no final de uma visita de campanha à Feira de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.
O programa do BE, explicou a sua líder, passa pelo combate ao "planeamento fiscal agressivo das empresas", sendo necessária "capacidade de tributar as grandes empresas pelos lucros que fazem no país", o que só "é possível com uma legislação mais séria".
"Uma ideia para um país mais justo tem de ser aquela ideia que possa aliviar fiscalmente os salários e as pensões, ao mesmo tempo que obriga a pagar impostos quem nunca pagou aquilo que era a sua parte", defendeu.
Para os bloquistas, "maior justiça fiscal é a primeira condição para um país mais justo e para uma economia mais igual".
"Queria chamar à atenção para algo que nós ficámos a saber hoje [pelo Jornal de Negócios] e acho que é importante e define quais são as nossas visões para o país. Foi hoje tornado público que há 630 milhões de euros que fugiram aos impostos das maiores empresas através de ‘offshores’", afirmou.
Segundo Catarina Martins são "630 milhões de euros que as maiores empresas portuguesas não pagaram dos impostos que era devido", o que dava "para quase cinco vezes de aumento extraordinário das pensões".
"E quando eu estou aqui, aqui em Famalicão e em tantos sítios do país e as pessoas me vêm falar das suas pensões baixas, da injustiça, da desigualdade do país, este é também um dos problemas que nós temos de combater. Não é aceitável que as maiores empresas do país sejam premiadas naquilo a que chamam planeamento fiscal e que é de facto uma fuga ao fisco", condenou.
A coordenadora bloquista, acompanhada pela eurodeputada Marisa Matias e pelas deputadas Mariana e Joana Mortágua, foi hoje recebida de forma calorosa numa feira onde o BE já tinha estado na campanha para as europeias.
Catarina Martins percebe que "haja muito entusiasmo com sondagens, mas é no domingo, quando as pessoas votam, que vão escolher o que querem para o país".
"Quem aqui me veio agradecer porque pode ter a sua pensão por inteiro porque tinha começado a trabalhar aos 14 ou 15 anos e quem aqui me veio dizer a minha pensão tem um pouco mais, mas ainda é tão baixa, todas as pessoas que viram o que aconteceu nestes quatro anos têm duas certezas", declarou.
A primeira dessas certezas, segundo Catarina Martins, "é que só foi possível porque o PS não teve maioria absoluta".
"A segunda é que só foi possível porque à esquerda existiu a força para negociações fortes em nome do salário, em nome da pensão, em nome dos serviços públicos", enfatizou.
Para se poder "fazer o que falta nos próximos quatro anos é preciso essa força e essa força maior da mudança para um país mais justo, para um país que trate toda a gente com a dignidade que merece".
(Artigo atualizado às 13:39)
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