Em comunicado divulgado na terça-feira à noite, a Universidade Católica Portuguesa (UCP) rejeita igualmente a “manipulação deliberada das normas de acesso ao evento pelo partido convidado [Chega]”, explicando que o evento é organizado por estudantes com o objetivo de esclarecer as propostas para o país sob a forma de um debate livre e não uma organização dos partidos".
Na terça-feira, um jornalista do semanário Expresso afirmou ter sido agredido num evento com o líder do Chega na Universidade Católica, em Lisboa, mas a organização negou, admitindo apenas que o profissional “foi removido” da sala.
Numa nota emitida na terça-feira à noite, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) condenou a agressão, afirmando tratar-se de um crime público, "cometido à vista de muita gente, que tem de ser investigado e punido exemplarmente”.
O SJ repudiou o “atentado contra a liberdade de imprensa e contra a integridade física” de um jornalista em funções, lembrando que a agressão a estes profissionais é crime público desde 2018.
No comunicado, o SJ exorta ainda as autoridades a agirem “com a celeridade que um atentado destes exige”, pede uma punição exemplar para os agressores, acrescentando que vai questionar a UCP sobre as medidas que tomou para evitar este tipo de comportamento dentro das suas instalações.
O sindicato diz igualmente que vai perguntar a André Ventura se o partido que lidera se revê nestas atitudes e nas “insinuações intimidatórias do segurança do partido”.
A agressão terá ocorrido num evento organizado pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da UCP, intitulado “Conversas Parlamentares”, no qual participou o presidente do Chega, André Ventura, no âmbito de um ciclo de palestras para o qual foram convidados vários líderes partidários.
Na nota divulgada, a UCP reafirma a importância do debate esclarecido para o reforço da democracia, “da qual faz parte intrínseca a defesa de uma imprensa livre, independente e bem formada”.
Segundo notícia divulgada pelo Expresso, o jornalista que afirma ter sido agredido alega que a sua entrada na sala onde estava André Ventura “foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório e era do conhecimento prévio da assessoria de imprensa do Chega”.
O jornalista conta que conseguiu presenciar os primeiros 10 minutos da intervenção de André Ventura, até ter sido abordado várias vezes por jovens dizendo-lhe que não podia estar no auditório.
De acordo com o relato publicado pelo Expresso, “dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento – deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional”, que foi devolvido “após intervenção de um dos assessores de André Ventura”.
De acordo com o semanário, o jornalista diz ainda ter sido abordado “de forma agressiva” pelo segurança pessoal de André Ventura.
À Lusa, o diretor do Expresso, João Vieira Pereira, adiantou que o jornal está a ponderar apresentar queixas à PSP e à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
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