"Fiquei com dúvidas quando ouvi às 09:00 uma declaração e às 11:00 outra", afirmou João Gonçalves Pereira aos jornalistas, esclarecendo assim a sua visita ao local, que teve como objetivo avaliar a situação com os seus próprios olhos.

João Gonçalves observou que as primeiras declarações prestadas no local pelo vereador da Proteção Civil, Carlos Castro, "não falavam em acidente nenhum", considerando ser "estranho que o vereador não tivesse essa informação".

"Do que pude constatar não há indícios de grandes batidas" no pilar, observou Gonçalves Pereira, acrescentando não querer "fazer um juízo de valor sobre esta matéria", mas sim "ser factual".

Um desvio num dos pilares do viaduto de Alcântara (que passa por cima das avenidas Brasília e da Índia, entre a Avenida de Ceuta e as Docas) provocou o corte do trânsito naquela zona esta manhã, e levou à paragem da circulação dos comboios, entretanto retomada.

Em declarações aos jornalistas no local, o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, afirmou que "não há qualquer risco de colapso do viaduto" e que a deslocação do pilar estará relacionada "com o provável embate de um pesado durante a noite".

O vereador referiu ainda que foi feita uma inspeção ao viaduto no dia 13 de fevereiro.

Antes, o vereador com o pelouro da Proteção Civil, Carlos Castro, tinha referido aos jornalistas, no local, que estava a ser feita uma avaliação técnica do viaduto, após ter ocorrido uma “deslocação da estrutura”, sem acrescentar mais explicações.

Neste sentido, o vereador centrista espera que esta situação seja discutida na quinta-feira, na reunião privada do executivo municipal, e que o presidente da Câmara Municipal de maioria socialista, Fernando Medina, forneça "todos os elementos, designadamente em relação ao acidente".

"O que tenho que exigir é que haja segurança e que as pessoas possam estar tranquilas", defendeu, acrescentando que, nesse sentido, "é importante que os elementos sejam fornecidos", nomeadamente "o relatório da polícia que deve existir relativamente ao alegado acidente do camião", assim como a "avaliação que os próprios técnicos estão a fazer no local" e o relatório da inspeção.

Questionado sobre se está na hora de o município pensar numa nova ligação nesta zona, Gonçalves Pereira lembrou que "este viaduto já leva alguns anos e era provisório".

Esta estrutura, que nasceu como uma solução provisória, foi reabilitada em 2005, quando Pedro Santana Lopes era presidente da Câmara Municipal.

Orçadas em 1,5 milhões de euros, as obras incluíram a colocação de piso antiderrapante, o reforço das estruturas com chapas metálicas e beneficiação geral do viaduto.

Na altura, o estudo urbanístico Alcântara XXI, realizado pela Câmara de Lisboa e pelo Governo, previa a construção de uma rotunda e de um túnel rodoviário entre a Avenida de Ceuta e a Avenida Brasília.

Também os outros dois partidos da oposição na Câmara de Lisboa, o PCP e o PSD, já reagiram a esta situação, tendo apontado que o desvio no pilar do viaduto de Alcântara é responsabilidade da maioria socialista, porque resulta "da falta de investimento na manutenção da cidade".