No debate, único que juntará todos os candidatos até ao congresso de 25 e 26 de janeiro, apenas as intervenções iniciais de Abel Matos Santos, João Almeida, Filipe Lobo d’Ávila, Carlos Meira e Francisco Rodrigues dos Santos foram abertos à comunicação social e o debate que se seguiu foi reservado aos militantes, que encheram a sala de reuniões, na sede do Largo do Caldas, em Lisboa.
Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), tal como os restantes, à exceção de Meira, evitou ataques diretos e expôs as suas ideias, em oito prioridades, defendendo uma “solução de futuro e não de continuidade” para o CDS.
Para o candidato, há "oito ideias-chave" ou prioridades para os centristas, a começar pelo combate à pobreza, à desertificação do interior, à morosidade da justiça e à corrupção, à burocracia, à mediocridade e facilitismo na educação, à degradação do Serviço Nacional de Saúde, ao aborto e à eutanásia, "luta" que é "uma bandeira do CDS", e contra a ideologia de género que, na escola, "impõe comportamentos" aos jovens e às crianças.
Internamente, o dirigente da TEM antecipa um "congresso muito disputado" em que os militantes têm de fazer uma escolha, com "uma solução de futuro, com novas maneiras de fazer política e novos intervenientes".
"Soluções de futuro e não de continuidade", resumiu.
A seguir, o deputado e porta-voz do partido na liderança de Assunção Cristas, admitiu erros do passado, que levaram à perda de votos e deputados, e propôs que o CDS tem de “liderar a direita democrática e popular” em Portugal.
Mas esses maus resultados, declarou João Almeida, "são uma vírgula na história do partido", feita desde 1974, com a democratização do país.
E, sem nunca falar diretamente do Chega, mais à direita, nem da Iniciativa Liberal, João Almeida afirmou que a queda eleitoral do partido não deve ser explicada apenas com a entrada de "dois novos partidos" no parlamento, mas também pela "fuga" de votos para a abstenção.
Quem diz isso, explicou, não percebe que "o discurso do voto útil à direita" não chegou aos eleitores que outrora votaram no CDS e agora não o fizeram.
João Almeida adiantou que não quer ser "candidato ao concurso do decibel" nem pôr o CDS a concorrer no "campeonato dos pequeninos", porque o partido é "do arco da governação".
E sem dizer a que adversário se referia, concluiu que os tempos "são exigentes" e não são "tempos de aventuras".
Filipe Lobo d’Ávila, ex-deputado e do grupo Juntos pelo Futuro, lembrou que assumiu, no passado, uma posição crítica quanto à liderança de Cristas, uma “estratégia [que] foi errada” e, internamente, propôs-se contrariar a tendência de o CDS ser “Caldas a mais”, largo onde fica a sede, e “país a menos”.
O ex-secretário de Estado da Administração Interna recusou comparações do CDS com Chega, sem nunca o referir - "há originais que não merecem ser copiados" - e defendeu para o partido "um projeto alternativo" ao da "governação socialista" - que desgoverna o país - que assuma uma matriz democrata-cristã, de "combate à pobreza", com preocupações sociais.
Internamente, insistiu que a sua moção é para "levar a votos" no congresso e garantiu que não anda à "procura de acordos ou arranjinhos", contrariando "conversas" e "boatos" nesse sentido, e avisou que, no dia seguinte ao congresso, o partido tem de "estar unido".
"Os nossos verdadeiros adversários estão lá fora", destacou.
Carlos Meira, ex-líder da concelhia de Viana do Castelo e crítico de Cristas, tinha cinco minutos para falar, mas só usou dois minutos e meio para dizer que lhe apeteceu comprar “baldes lixívia” para limpar a sede do partido e desafiou João Almeida, que pertence à comissão executiva ainda em funções, a dizer o que pensa de existirem funcionários do partido alegadamente sem receber salários.
E prometeu, num discurso exaltado, que só saía dali depois de ouvir a resposta de João Almeida, o que motivou protestos entre alguns militantes presentes.
Por fim, Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, propôs-se construir uma “nova direita”, num “espaço da casa grande de direita”, que tem novos concorrentes, e que o CDS “cresça da direita para o centro”.
O candidato começou logo por dizer que os seus oponentes não estavam naquela sala nem era nenhum militante, mas, sim, António Costa, o PS e o Governo, e que o partido, que é uma "âncora do regime", "vai reerguer-se" e não pode agradar a "eleitores que nunca vão votar" no CDS.
Numa aparente referência à direção de Assunção Cristas, Francisco Rodrigues dos Santos avisou que "um partido sem identidade torna-se inútil" e disse que uma das suas "bandeiras" é "combater todas as formas de precariedade", incluindo os falsos recibos verdes e a "escravidão fiscal".
(Notícia atualizada às 6:19 de 10/01/2020)
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