O primeiro-ministro “julga que vive no país das maravilhas, o problema é que os portugueses vivem no país de António Costa, e só no país de António Costa é que é possível dizer que é uma ilusão achar-se que com 600 euros por ano uma família se consegue sustentar por via do nascimento de um novo elemento”, afirmou.
Francisco Rodrigues dos Santos defendeu de seguida que “600 euros por ano para pagar as despesas com um filho é absolutamente ridículo” e que as propostas do Governo para incentivo à natalidade “são meras migalhas, são esmolas que não incentivam nenhuma família em Portugal a ter filhos”.
Na quarta-feira, em entrevista à RTP3, o ministro das Finanças deu a conhecer algumas linhas gerais do próximo Orçamento do Estado, em que estarão previstos investimentos na ferrovia, na ajuda da integração de jovens no mercado de trabalho, na educação e no Serviço Nacional de Saúde, com, segundo o mesmo, “mais investimento público e privado”.
João Leão garantiu também que até ao fim da legislatura as famílias irão receber 600 euros por filho, sendo que um casal com dois filhos poderá receber até 1.500 euros de abono.
Na ótica do CDS-PP, que convidou o primeiro-ministro a “suspender as negociações do Orçamento do Estado com a extrema-esquerda e a conversar” com os centristas as propostas de incentivo à natalidade, são necessários “incentivos mais robustos e mais significativos que de facto constituam uma oportunidade e uma liberdade para as famílias terem filhos”.
Isto passa pela “isenção de IRS para as famílias com mais filhos, uma mensalidade por filho que ajude a custear verdadeiramente as despesas que isso acrescenta ao agregado familiar”, a possibilidade de “conciliar a vida familiar com a vida profissional, permitindo às empresas terem estímulos e incentivos fiscais para que os seus profissionais promovam a natalidade” e “também uma majoração nas reformas para as famílias com mais filhos”, elencou Francisco Rodrigues dos Santos.
“Estes incentivos constituiriam uma oportunidade mais concreta, mais sólida e mais entusiástica para nós contrariarmos a maior quebra de natalidade que tivemos nos últimos 30 anos”, defendeu o presidente do CDS.
Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas em Setúbal, no final de um passeio de barco no Sado com o candidato à câmara municipal, Pedro Conceição.
Num comentário às negociações entre o Governo e partidos à sua esquerda em torno do próximo Orçamento do Estado, o líder democrata-cristão considerou que o Governo está “refém das exigências da extrema-esquerda desde que assumiu funções porque essa foi a via que conseguiu atingir para se manter no poder”.
“O Bloco de Esquerda sente que, de cada vez que cerra os dentes, o Governo socialista lhe satisfaz todas as suas necessidades”, apontou, defendendo que “a receita utilizada ao longo dos últimos anos tem diminuído a liberdade dos portugueses e condenado o país ao retrocesso económico e social, tirando todas as oportunidades de recuperar o país”.
No Orçamento do Estado para o próximo ano o CDS quer ver inscrita a proposta que apelidou de “via verde saúde” (rejeitada pelo parlamento no ano passado), para que o Estado permita aos doentes recorrer ao privado para uma consulta de especialidade ou exame quando forem ultrapassados os tempos máximos de espera.
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