“O CDS nesta matéria está onde sempre esteve: apresentámos uma proposta de lei de bases inspirada na da comissão liderada por Maria de Belém Roseira. Isso foi o sinal mais explícito da nossa disponibilidade para um consenso alargado, que acreditamos dever estar por debaixo de uma lei de bases”, afirmou Ana Rita Bessa, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Questionada como vê a aproximação do Governo ao PSD, confirmada na passada quarta-feira pelo presidente social-democrata, Rui Rio, a deputada do CDS-PP mostrou-se cética.

“Neste momento, temos muita desconfiança de um Governo que passou os últimos meses a dizer que o seu grande objetivo era aprovar uma lei à esquerda, uma lei que revogasse a lei em vigor”, disse.

Ana Rita Bessa questionou a viabilidade dessa aproximação entre Governo e PSD “a três semanas do final da legislatura” e depois de “aparentemente ter falhado o acordo à esquerda” na Lei de Bases da Saúde, considerando que todo o processo está envolto “num jogo de sombras”.

“Uma lei enquadradora do setor não é uma manta de retalhos, vemos com dificuldade que agora seja possível encontrar uma lei à direita que já foi toda ela votada na especialidade e toda ela arrasada quer por PS, quer por BE e PCP”, afirmou.

“Parece-nos que estamos a brincar com coisas sérias e a cautela aconselharia, em final de legislatura, a decisões mais ponderadas”, defendeu.

Na quarta-feira, o presidente do PSD, Rui Rio, considerou haver margem para um acordo com o PS para uma nova Lei de Bases da Saúde, estando os sociais-democratas nesta fase a identificar quais das suas propostas considera essenciais, nas quais inclui a possibilidade de existência de Parcerias Público-Privadas.

Na terça-feira à noite, o grupo de trabalho rejeitou todas as propostas sobre PPP na lei de bases da saúde, em votações indiciárias que ainda terão de ser confirmadas na Comissão de Saúde e, caso sejam avocadas, em plenário.

No final da reunião, PS e BE transmitiram visões opostas sobre os progressos quanto a uma nova Lei de Bases da Saúde, enquanto o PCP escusou-se a adiantar o sentido de voto final, antes de uma análise do texto.