“O CDS tem órgãos eleitos e tem uma direção nacional do partido que está mandatada pelos militantes para negociar, se for caso disso, uma política de alianças pré-eleitorais com o PSD, tem também um Conselho Nacional que terá sempre de ratificar essa putativa coligação e tudo isto andará nos seus trâmites normais, como aconteceu no passado”, afirmou.

Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas em Lisboa, numa visita à 16ª edição do Fórum Anual da Exportação - Portugal Exportador 2021.

O líder centrista, depois de anunciar que será recandidato no próximo congresso, disse também estar “convencido de que este ruído de fundo não vai prejudicar que o CDS atinja os seus objetivos no futuro e, se for caso disso, a celebrar uma coligação pré-eleitoral com o PSD que terá de ser vista com a liderança do partido”, apontando que “divisões no partido sempre ocorreram”.

Francisco Rodrigues dos Santos voltou a recusar o apelo de Nuno Melo, que também mantém a intenção de se candidatar à liderança do CDS, para a realização do congresso eletivo antes das eleições legislativas de 30 de janeiro, argumentando que respeita “as decisões dos órgãos do partido”, nesta caso do Conselho Nacional, que aprovou o adiamento da reunião magna dos centristas, que esteve marcada para 27 e 28 de novembro.

“O CDS não se move pelas polémicas que alguns plantam na comunicação social nem por grupos pequeninos dentro do CDS […]. Quanto mais depressa as pessoas perceberem que esta decisão está tomada e que não vai ser revertida mais rapidamente andaremos para a frente e olharemos para o futuro”, vincou.

O presidente do CDS-PP considerou também que “é ridículo que haja quem não consiga interpretar o sentido as deliberações tomadas por larga maioria do órgão máximo entre congressos”.

Ainda assim, admitiu “possibilidades de entendimento com Nuno Melo”, desde que o eurodeputado respeite a decisão do Conselho Nacional, que já impugnou junto do Conselho Nacional de Jurisdição.

“Se o doutor Nuno Melo quiser sair deste estado de negação em que se encontra, estou disponível para consensualizar com ele uma estratégia que una o partido para as próximas eleições legislativas que integre todas as sensibilidades dentro do CDS. Agora, ponto de honra é respeitarmos, como no passado, as decisões do Conselho Nacional do partido”, frisou.

Sobre essa impugnação, cuja decisão deve estar para breve, Rodrigues dos Santos defendeu que o Conselho Nacional “cumpriu todas as regras na convocação” da reunião que decidiu adiar o congresso, frisando que “não existe nenhuma ilegalidade no que foi feito”.

Já o Conselho Nacional de Jurisdição, “reúne de forma ilegal e irregular porque tem membros apoiantes do doutor Nuno Melo que violam a lei dos partidos e os estatutos do CDS, porque não respeitam o princípio da imparcialidade, porque estão presentes em órgãos executivos e em mesas de plenário quando não podiam e um deles é inclusivamente advogada de Nuno Melo”.

Isto “são impedimentos jurídicos manifestos tornam absolutamente ilegais todas as deliberações do Conselho Nacional de Jurisdição”, criticou, defendendo que “esses membros que estão em funções de forma ilegal devem não participar das votações” e “no limite renunciar os seus mandatos”.

E criticou também que a decisão de considerar nula a convocatória da reunião “não obedece a nenhum critério jurídico, mas apenas pertence favorecer um grupo dentro do CDS”, defendendo ainda que, se o Conselho Nacional só pode reunir com uma convocatória enviada oito dias antes, então “o próprio Conselho Nacional que antecipou o congresso é nulo”.

O líder centrista adiantou também que vai “auscultar os ex-presidentes” do partido, como defendeu o ex-presidente Manuel Monteiro, “na mobilização do CDS como cimento que una para o combate eleitoral” que são as eleições legislativas.

Sobre a visita de hoje, dedicada às exportações, o presidente do CDS-PP defendeu que os "embaixadores podem exercer o seu papel de influência para agilizar as trocas comerciais e permitir vender Portugal no mundo, o que muito ajudaria os empresários a encontrar novos mercados de destino".

Defendendo que “é urgente para o próximo Orçamento do Estado inverter o ciclo de empobrecimento das empresas”, Francisco Rodrigues dos Santos considerou também que o Governo “tem obrigação de acarinhar o investimento” e “baixar impostos”.