“O CDS não está virado para coligações. Nem com o PSD”, disse o candidato numa entrevista à agência Lusa, no final da segunda legislatura em que os dois partidos estiveram juntos no Governo Regional (em 2019, quando os sociais-democratas perderam a maioria absoluta, fizeram uma coligação pós-eleitoral e em 2023 concorreram juntos).
José Manuel de Sousa Rodrigues, jornalista de profissão, desempenha desde 15 de outubro de 2019 o cargo de presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.
“Ainda há dois meses, o PSD de Miguel Albuquerque entendeu que o CDS não era necessário para uma coligação e, portanto, desse ponto de vista, nós temos que tirar as devidas consequências, até porque fomos leais ao PSD e o PSD não respeitou o CDS”, justificou.
O cabeça de lista democrata-cristão, que foi presidente do CDS-PP/Madeira entre 1997 e 2015 e regressou em abril à liderança, considera que “nada voltará a ser como dantes na relação do CDS e do PSD”.
“O CDS não é uma bengala do PSD, que o PSD usa quando bem entende. O CDS é um partido fundador da democracia e da autonomia que tem que ser respeitado. Não somos também uma extensão do PSD”, declarou.
Rodrigues, que é militante do CDS-PP desde 1976 e foi líder da Juventude Centrista madeirense, adiantou, por outro lado, estar “preparado para entendimentos parlamentares com todas as forças políticas que não sejam extremistas, quer de esquerda, quer de direita”.
No seu entender, “as maiorias absolutas de um só partido já passaram à história” e é necessário “haver conversas entre todos os partidos políticos” para uma solução de governabilidade.
Nascido em 13 de julho de 1960 (tem 63 anos) na freguesia de Santa Maria Maior, no concelho do Funchal, onde reside, sublinhou que anda “há 30 anos a fazer política” e nunca estabelece fasquias para os atos eleitorais, assegurando que “o CDS será sempre parte de uma solução e contribuirá para a estabilidade política e para a governabilidade”.
O candidato, que foi também deputado municipal no Funchal, enfatizou que, nas eleições de 26 de maio, não vai “perguntar aos madeirenses de que partidos é que eles vêm se votarem no CDS”.
“Apenas quero saber se querem caminhar com o CDS e para onde querem ir com o CDS. E saberei interpretar na noite das eleições aquela que for a vontade soberana dos madeirenses, transmitida nesse dia”, reforçou.
O objetivo nas eleições, acrescentou, “é ter o melhor resultado possível e contribuir para uma solução de governo que resolva alguns problemas estruturais da Madeira”.
Sobre as principais propostas do partido, apontou como prioridades a ampliação da autonomia e a reforma do sistema político regional, por considerar que “a autonomia caiu num impasse”.
“Precisamos de ter mais poderes e competências em várias áreas, mas designadamente no poder legislativo. Também para criar um sistema fiscal próprio”, sublinhou.
Até conseguir atingir esse objetivo, numa altura em que o Governo Regional registou um crescimento da receita fiscal “para níveis nunca vistos”, defende uma redução de 7,5% ao ano do IVA (Imposto Sobre o Valor Acrescentado) para atingir no final da legislatura os 30% de redução previstos na Lei de Finanças Regionais.
Para José Manuel Rodrigues, que tem o antigo curso complementar dos liceus (equivalente ao 12.º ano de escolaridade), o crescimento económico da Madeira nos últimos anos “não tem sido acompanhado de maior justiça social”, pelo que propõe “um grande acordo de rendimentos e de produtividade no âmbito do Conselho de Concertação Social para fazer subir os salários” do arquipélago.
Outra das medidas preconizadas visa fixar os jovens licenciados na região, para reverter a vaga da emigração, estabelecendo um salário base para quando entram no mercado de trabalho.
O CDS-PP sempre esteve representado na Assembleia Legislativa da Madeira.
Nas últimas eleições regionais, em 24 de setembro de 2023, a coligação PSD/CDS-PP Somos Madeira teve 58.394 votos (44,31%) e elegeu 23 deputados, num universo de 47, sendo três parlamentares democratas-cristãos. O CDS também garantiu duas pastas no executivo – Economia e Pescas.
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque — que volta agora a ser cabeça de lista -, apresentou a demissão em janeiro, depois de ser constituído arguido num processo judicial de alegada corrupção. O executivo tem estado desde então em gestão.
Após a demissão, o CDS/Madeira defendeu a saída imediata do social-democrata e a indicação, pelo PSD, de um substituto.
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