“O que está aqui em causa é um problema grave de saúde pública”, declarou Ilda Figueiredo depois de visitar hoje os bairros de Bessa Leite, Mouteira, Condominhas e a Escola Básica 1,2 3 de Leonardo Coimbra no Bairro da Mouteira, referindo que a atual fase de preparação de orçamentos é urgente fazer “um levantamento destas situações de coberturas com amianto e de se fazer um planeamento de intervenção para começar no próximo ano”.
Em entrevista telefónica à Lusa, Ilda Figueiredo revelou que falou hoje com elementos da associação de moradores de Bessa Leite e membros das associações do Bairro da Mouteira e Condominhas, que lhe contaram que há sobretudo nos “Blocos mais antigos vários casos de situações cancerígenas”, o fator que pode ser “coincidência ou não, mas que existe”.
“Há apoio de fundos comunitários, mas isto exige planeamento, estudo, levantamento de todas as situações e a intervenção urgente", disse, acrescentando que vai levar este tema do amianto espalhado pelo Porto à próxima reunião de Câmara, marcada para a próxima terça-feira.
Há que dar “especial atenção a um problema sério que são as coberturas de fibrocimentos”, pois há uma grande quantidade de habitações e edifícios públicos com amianto, designadamente, no Bairro Bessa Leite onde há mais de 300 habitações, com mais de 35 anos, sem intervenção e que tem amianto a degradar-se, conta a vereadora da CDU, referindo que a libertação das partículas vai afetar não apenas os moradores dos bairros, mas também a população mais afastada.
Em maio deste ano, o presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, avisava que o Porto seria a cidade do país com “mais amianto”.
“O Porto tem muitos milhares de metros quadrados de amianto em avançado estado de degradação, situação que ameaça a saúde pública”, disse à Lusa, na altura, tendo acrescentado ser “urgente e fundamental” criar uma comissão que faça o levantamento dos “milhares de metros quadrados” de amianto existente em toda a cidade, estando o sindicato disponível para fazer parte da mesma.
Na resposta a este alerta, a Câmara do Porto lembrou que realizou há três anos um estudo que permitiu identificar todos os edifícios com amianto e que “ofereciam risco em edifícios públicos”.
Num breve comentário às afirmações do Sindicato da Construção, fonte da autarquia assegura que, até 2015, “todo o amianto foi retirado em todos os bairros sociais, escolas e outros edifícios públicos” e que aquele que permanece em “edifícios públicos não oferece qualquer risco, de acordo com os parâmetros da OMS”, sendo que “será retirado brevemente no âmbito das obras de reabilitação em curso”.
O Ministério do Ambiente revelou, na altura que, desde maio de 2016 até ao dia 30 de março deste ano, “foi concluída a remoção de amianto em 166 edifícios”, sendo que desse universo “51 foram intervenções prioritárias”.
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