"Estando nós num período especial de investimento, vamos precisar de muita mão de obra, de muitos trabalhadores, e acredito que isso só se consegue com uma política muito ativa de atração de imigrantes e tratando-os bem”, disse Ana Abrunhosa aos jornalistas, no final da sessão evocativa da 50.ª empresa incubada no Habitat de Inovação Empresarial nos Setores Estratégicos (HIESE) de Penela, no distrito de Coimbra.

Os dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que na última década, entre 2011 e 2021, Portugal registou um decréscimo populacional de 2% e acentuou o padrão de litoralização e concentração da população junto da capital.

Para a ministra da Coesão Territorial, os resultados preliminares dos Censos 2021 não são “uma surpresa” e refletem um problema que “não é de hoje, mas de décadas, e não é exclusivo de Portugal”.

“Perdemos população, o que é preocupante, não só no interior mas em todo o país, e só ganhamos população em duas zonas. Para recuperarmos a economia do país, e com o investimento que planeamos fazer, grande parte desse investimento tem de ser feito por pessoas que não temos”, salientou.

Segundo Ana Abrunhosa, “esta perda de população não pode nem deve significar que os territórios do interior fiquem desertos”.

“A perda de população não pode significar desertificação e o facto de hoje termos ciência e tecnologia também significa que podemos, com menos pessoas, continuar a ocupar estes territórios”, sublinhou.

No entanto, a governante salientou que o país tem de ser realista e que “mesmo com políticas ativas para a natalidade e de atração de imigrantes, muito dificilmente nos territórios do interior se voltará a recuperar população de há 100 anos”.

“A perda de população no interior não é de hoje, não é de ontem nem de antes de ontem é de há várias décadas. Mas uma coisa é certa, nos territórios do interior vamos conseguir estancar a perda de população e não permitir que estes territórios fiquem desertificados”, frisou.

O problema da desertificação “é da Europa” e, em Portugal, “exige soluções coletivas, não só do Governo, das autarquias, mas também da sociedade civil”, acrescentou Ana Abrunhosa.

Portugal tem hoje 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundos os resultados preliminares dos Censos 2021.

Em termos censitários, a única década em que se verificou um decréscimo populacional tinha sido entre 1960 e 1970, indicou o INE.

Os dados preliminares mostram que há em Portugal 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).

A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 05 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.

(Notícia corrigida às 21h40)

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