As autoridades turcas começaram a deter, no sábado, dezenas de empreiteiros pela suspeita das suas más práticas terem levado à destruição de alguns dos milhares de edifícios afetados pelo sismo de dia 6 de fevereiro.
O Ministro da Justiça Turco, Bekir Bozdag, tinha desde logo adiantado que centenas de pessoas estavam a ser investigadas por alegada responsabilidade pelo colapso de edifícios nos sismos, desde construtores a engenheiros civis.
O vice-presidente da Turquia, Fuat Oktay, especificou esse número, dando a saber que até agora foram identificados 131 suspeitos "responsáveis pelo colapso de alguns dos milhares de edifícios destruídos nas 10 províncias afetadas pelos sismos na madrugada de segunda-feira", adiantou a Reuters.
Dos 131 suspeitos, "foram dadas ordens de detenção para 113 deles", afirmou Oktay.
O Ministério de Justiça turco ordenou que as autoridades dessas províncias estabelecessem "unidades de investigação de crimes de terramoto", e que se apresentassem acusações criminais contra os "construtores e os responsáveis" pelo colapso dos edifícios que "não cumpriram os códigos existentes, que foram implementados após um desastre semelhante em 1999", adiantou o The New York Times.
Existe muita indignação entre os moradores, que acusam "construtores corruptos" de "cortar nos custos para aumentarem os lucros" e de haver muita facilidade em construir apartamentos que não cumprem os novos códigos. Um exemplo é o de um prédio de luxo construído recentemente no bairro de Saraykint, em Antakya, com 14 andares e cerca de 90 apartamentos, que desabou completamente.
O Ministério da Justiça adiantou que três pessoas já foram presas, sete já foram detidas e que outras sete estão impedidas de deixar a Turquia. Dois empreiteiros foram considerados responsáveis pela destruição de edifícios em Adiyaman, tendo sido intercetados e detidos este domingo no aeroporto de Istambul, quando se preparavam para deixar o país, adiantou a AP. Apesar de os códigos de construção da Turquia estarem de acordo com a engenharia sísmica atual, estes serão raramente aplicados.
Ao todo, 24,921 edifícios na região afetada pelos sismos na Turquia colapsaram ou ficaram altamente danificados, disse o ministro do Ambiente, Murat Kurum, com base numa avaliação feita a 170 mil edificações.
Recorde-se que os sismos ocorreram em dois locais diferentes da Turquia, junto à fronteira com a Síria, tendo atingido magnitudes de 7,8 e 7,5 na escala de Richter, com réplicas fortes, uma das quais de 6,0.
*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pelo jornalista António Moura dos Santos.
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