De acordo com um comunicado conjunto da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e da ZERO — Associação Sistema Terrestre Sustentável enviado à Lusa, que as duas entidades divulgam no início de cada ano, com uma análise da evolução dos principais indicadores da transição energética, “2021 é um verdadeiro recorde, estimando-se um valor de 4,8 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono por parte das grandes centrais termoelétricas”.
Segundo as associações, entre 2008 e 2018, a produção de eletricidade a partir das grandes centrais termoelétricas, era responsável por emissões de gases de efeito de estufa que variavam entre 10 e 17 milhões de toneladas por ano de dióxido de carbono.
“Com um maior peso de fontes renováveis e menor uso de carvão”, explicam, aquele valor tinha já descido para 6,6 milhões de toneladas em 2020.
As associações lembram que 2021 ficou também marcado pelo encerramento das últimas duas centrais termoelétricas a carvão, em Sines e no Pego, permanecendo em operação as centrais de ciclo combinado a gás natural de Lares, Pego, Ribatejo e Tapada do Outeiro.
“No total das emissões, englobando também a produção de eletricidade associada à cogeração e queima de resíduos urbanos, a APREN e a Zero estimam um decréscimo de 8,3 para 6,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono, uma redução na ordem dos 25%, um ‘recorde’ muito significativo, sendo agora inequivocamente o transporte rodoviário o principal responsável por emissões de dióxido de carbono em Portugal”, referem.
Assim, a redução de emissões na queima do carvão, em 2021, foi de 1,4 milhões de toneladas, mas as associações acreditam que o valor só não foi maior “porque havia necessidade de esgotar praticamente todo o carvão existente na central termoelétrica do Pego até novembro de 2021”.
Os “importantes marcos do setor renovável” em 2021 resultaram em “inúmeros benefícios para a sociedade, economia e ambiente”, apontam a APREN e a Zero, destacando os 11,6 milhões de toneladas de emissões de CO2 evitadas, uma poupança em importações de combustíveis fósseis de 1.979 milhões de euros, uma poupança em importações de eletricidade de 599 milhões de euros e uma poupança em licenças de emissão de CO2 de 553 milhões de euros.
Para o ano que está a começar, o presidente da APREN, Pedro Amaral Jorge, considera “fundamental continuar e intensificar a eletrificação, forma direta e indireta, dos consumos de energia, com coesão social e territorial”.
“Em 2021 lançou-se a primeira pedra de um novo capítulo da descarbonização da economia e da sociedade com o contributo da transição energética: o novo Decreto-Lei do Sistema Elétrico Nacional. Com a fundação implementada, há agora que operacionalizar as melhorias e simplificações ao Processo de Licenciamento de Centros Eletroprodutores Renováveis, definir uma estratégia para a RESP [Rede Elétrica de Serviço Público] que permita a verdadeira democratização da produção de eletricidade com benefício para o cidadão, o consumidor, as comunidades e as empresas, e implementar as condições necessárias à aceleração da transição energética”, defendeu o responsável.
Por seu lado, o presidente da Zero, Francisco Ferreira, considera “determinante que, de forma tão sustentável quanto possível, se invista na redução dos consumos de energia, assegurando maior eficiência e em fontes de energia renováveis implementadas de forma sustentável, assegurando novos e mais empregos e uma efetiva descarbonização”.
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