Em declarações à agência Lusa, a responsável nos Açores da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que coordena o espaço, explica que tem existido um “aumento ligeiro de visitantes” nos últimos anos.

“O ano passado tivemos 2.500 visitantes. Este ano, ainda vamos a meio, mas já estamos quase a aumentar ligeiramente esse número de visitantes e ainda falta o resto da época alta e depois, sobretudo, a época de setembro e outubro, em que há muitos observadores de aves”, adianta Azucena de la Cruz Martin.

O Centro Ambiental do Priolo, inaugurado em dezembro de 2007, é um dos centros de ciência dos Açores mais afastados das zonas urbanas, estando localizado na Pedreira, concelho de Nordeste, na ilha de São Miguel.

O centro, que resultou de uma parceria entre a SPEA e o Governo Regional, dedica-se à divulgação e à conservação do priolo, ave endémica que existe na parte oriental da ilha, integrada na floresta laurissilva originária dos Açores. Nesta área, indica a representante, tem havido, além da plantação de espécies endémicas, um trabalho de remoção de flora invasora.

“Quem vê o que está a acontecer no território sem nenhuma explicação por vezes pode não entender o que se está a passar, daí a importância destes centros e do Centro Ambiental do Priolo. Não é um centro que se encontre logo no caminho. As pessoas têm de se desviar do roteiro normal”, prossegue.

O centro já recebeu mais de 35 mil visitantes e organizou ações de educação ambiental em todas as escolas da ilha com mais de 30 mil alunos. No último ano, as sessões abrangeram 3.500 estudantes.

São também organizados passeios com turistas para dar a conhecer o priolo e explorar a vegetação nativa dos Açores.

“Tem aumentado a procura pelas visitas guiadas aos turistas, quer para ver o priolo, quer para verem floresta laurissilva, acompanhados por técnicos do centro, em que visitamos todo o trabalho de recuperação do priolo”, explica.

O primeiro projeto da SPEA para proteger o priolo, designado LIFE Priolo, iniciou-se em outubro de 2003, quando aquela ave estava classificada como “criticamente em perigo de extinção”.

Desde então, as várias iniciativas permitiram recuperar mais de 350 hectares de floresta laurissilva e 99 hectares de turfeiras nos Açores e alterar o estado de conservação do priolo para "vulnerável", a classificação mais baixa para espécies em risco de extinção (segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza), uma vez que a população se tem mantido estável nos mil animais.

Segundo a SPEA, os projetos de preservação do priolo, que investem cerca de 85% do orçamento em empresas locais, permitiram criar uma média de 21 empregos a tempo inteiro e contribuíram para a melhoria de infraestruturas turísticas como o centro de visitantes e trilhos.