A 'marcha pela liberdade', como está a ser apelidada pelos manifestantes, vai começar na Praça Marquês de Pombal e descer a Avenida da Liberdade, terminando no Rossio.

Com megafones, faixas e bandeiras dos vários países onde estão emigrados, os cerca de 500 guineenses, segundo as estimativas da polícia, entoam palavras de ordem como 'Stop à Ditadura', 'Liberdade para a Guiné-Bissau' e várias mensagens a favor do reinício dos trabalhos parlamentares.

O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento, em dezembro, e substituiu o Governo da maioria PAI-Terra Ranka por um de iniciativa presidencial, apesar de a Constituição impedir a dissolução nos 12 meses posteriores às eleições legislativas, que decorreram em junho de 2023.

Quando decretou a dissolução do parlamento, Umaro Sissoco Embaló considerou que houve uma tentativa de subversão da ordem constitucional com o patrocínio da Assembleia Nacional Popular por, na sua interpretação, falhar nas funções de escrutínio ao Governo.

Em seguida, o Presidente demitiu o primeiro-ministro, Geraldo Martins, depois de este recusar formar um Governo de iniciativa presidencial, e nomeou, em substituição, Rui Duarte de Barros, episódios de uma crise que começou a ser desenhada na sequência de confrontos entre militares, nos passados dias 30 de novembro e 01 de dezembro.

O diferendo entre o Presidente guineense e Domingos Simões Pereira, que é presidente do parlamento e também líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, que lidera a coligação PAI-Terra Ranka), arrasta-se desde as eleições presidenciais de 2019, cuja segunda volta foi disputada por ambos.

A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) – Terra Ranka, liderada pelo PAIGC, venceu as eleições legislativas de junho com maioria absoluta.

No passado mês de janeiro, o Ministério do Interior proibiu quaisquer manifestações ou comícios públicos em toda a Guiné-Bissau, em decorrência de operações de busca e apreensão de armas de fogo no país.

Os líderes dos partidos PRS, Madem-G15 e APU-PDGB, que fazem parte do Governo de iniciativa presidencial atualmente no poder, questionam a proibição, dando nos últimos dias sinais de desentendimentos políticos com Umaro Sissoco Embaló.