PSD e CDS-PP solicitaram hoje a suspensão dos trabalhos até a comissão receber documentos que foram solicitados pelo parlamento a entidades como a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Banco de Portugal, o Ministério das Finanças e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) - e que foram alvo de uma primeira decisão favorável do Tribunal da Relação, da qual foi pedida recurso - ou até que seja obtida uma decisão final do Tribunal.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, o deputado João Paulo Correia (PS) alertou para o problema de "pendurar uma Comissão de Inquérito por semanas ou meses", enquanto Miguel Tiago (PCP) acusou PSD e CDS de quererem permanentemente perturbar o funcionamento da comissão em curso, nomeadamente ao anunciarem a constituição de uma nova Comissão de Inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos.
Moisés Ferreira (BE) foi o mais perentório na oposição a uma eventual suspensão dos trabalhos, que será votada numa reunião do plenário da Comissão a 01 de março, dizendo que importante seria concluir os trabalhos com a documentação e as audições já realizadas e partir para a elaboração do relatório final.
"O BE já tomou posição sobre a necessidade de finalizar esta comissão de inquérito: realizar as audições que faltam e começar a produzir as conclusões desta comissão de inquérito para as enviar ao Ministério Público", defendeu.
Lembrando que o objeto inicial desta comissão é o apuramento dos eventos que levaram à necessidade de recapitalização da Caixa, o deputado do BE acusou PSD e CDS-PP de terem desde o início "criado ruído".
"A comissão de inquérito tem que trabalhar no apuramento da verdade e não pode estar permanentemente a ser interrompida por PSD e CDS-PP", defendeu.
Na mesma linha, o deputado socialista João Paulo Correia lamentou que a atual comissão de inquérito esteja "à mercê dos amuos e estados de espíritos de PSD e CDS-PP", dizendo que os dois partidos tanto dizem querer sair ou interromper a atual comissão, como querem criar uma nova.
"Os portugueses já estão enjoados com esta navegação sem rumo de PSD e CDS", afirmou.
Dizendo que o PS ainda não tem uma "posição fechada" sobre o pedido de suspensão, o deputado do PS alertou que a decisão do Tribunal da Relação sobre o recurso pendente "pode ser breve ou demorada".
"Não há condições de pendurar uma comissão de inquérito durante mais três, quatro ou cinco meses", disse, lembrando que já foram realizadas 14 audições e serão calendarizadas mais duas na próxima semana.
Pelo PCP, o deputado Miguel Tiago disse estranhar que PSD e CDS tenham "voltado às origens" do objeto desta comissão de inquérito e escusou-se a adiantar o sentido de voto do seu partido antes de perceber como esta suspensão seria compatível com "a ameaça de uma nova comissão potestativa" por parte de PSD e CDS-PP.
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