"O Governo quis fazer uma retórica que não corresponde à verdade dos factos, nem sobre o que se passa na Caixa nem sobre as necessidades que poderiam determinar a sua recapitalização, e envolveu-se numa trapalhada muito grande", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas em Torres Vedras.
O social-democrata pediu transparência neste processo, ao defender que "tem havido relutância, para não dizer alguma obstrução, para que se apure a verdade".
"A maioria tem-se oposto a que a verdade seja conhecida dos portugueses por via da Comissão Parlamentar de Inquérito", sustentou.
Pedro Passos Coelho disse esperar que, após a conferência de imprensa do ministro das Finanças e de o primeiro-ministro ter reiterado a confiança em Mário Centeno, o país "não fique dispensado de perceber o que se passou". Por isso, o PSD vai pedir esclarecimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito.
É indispensável perceber "porque é que estamos há um ano sem a Caixa ter uma administração que possa gerir com sentido estratégico o banco, porque é que o nível de recapitalização com mais cinco mil milhões de euros é necessário, quais foram os prejuízos que determinaram essas necessidades de recapitalização, quando é que essas decisões foram tomadas, em que termos foram tomadas e em que medida os prejuízos afetam o défice público", defendeu.
Para o líder da oposição, as declarações do ministro das Finanças e do primeiro-ministro "não foram convincentes".
"Era mais fácil dizer que o Governo esteve empenhado em criar um regime à medida das exigências que os administradores colocaram ao Governo, que aprovou um decreto-lei à medida, o que significa que o ministro aceitou negociar condições que não são negociáveis e aceitou colocar o Estado numa condição de menoridade", argumentou.
Passos Coelho falava à margem de uma visita às empresas de produção de máquinas agrícolas Joper e Tomix, em Torres Vedras.
O primeiro-ministro, António Costa, reiterou na segunda-feira a confiança em Mário Centeno no exercício das suas funções governativas, após um contacto com o Presidente da República e depois de, em conferência de imprensa, o ministro das Finanças ter afirmado que o seu lugar "está à disposição" desde que assumiu funções.
Centeno reiterou na conferência de imprensa que deu na segunda-feira que o acordo com António Domingues para a liderança da CGD não envolvia a eliminação da entrega das declarações de rendimentos.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu também na segunda-feira que aceitou a posição do primeiro-ministro de manter a confiança no ministro da Finanças "atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira".
Numa nota divulgada no 'site' da Presidência da República é referido que o chefe de Estado recebeu, a pedido do primeiro-ministro, o ministro das Finanças, antes da conferência de imprensa que Mário Centeno deu ao final da tarde de segunda-feira.
Comentários